Redes sociais para aprender idiomas

PorExpresso das Ilhas,27 jan 2015 9:50

Plataformas como a Busuu, Italki ou LiveMocha põem os utilizadores de diferentes países em contacto para praticarem línguas em videoconferência ou chat.

 

O austríaco Bernhard Niesner e o suíço Adrian Hilti conheceram-se em 2007 no MBA do Instituto de Empresas de Madrid. Juntos desenharam um projecto de final de mestrado que anos mais tarde se converteu na maior rede social de aprendizagem de idiomas, com 50 milhões de utilizadores registados em mais de 200 países. A obsessão de Niesner era simplificar a maneira de aprender uma língua. O resultado chamou-se Busuu.com.

Os seus conhecimentos das técnicas de marketing e o princípio básico de se diferenciarem da concorrência foi, possivelmente, a razão que os levou a escolher esse nome para a sua página web, uma língua africana falada apenas por oito pessoas e em risco de se extinguir. Assim, aos doze idiomas que se podem aprender de forma gratuita (inglês, alemão, espanhol, francês, italiano, português, russo, mandarim, japonês, árabe, polaco e turco) soma-se o busuu. Aparte todo o exótico do nome, esta plataforma, lançada em 2008, funciona de forma muito similar ao Facebook: o utilizador regista-se,  envia solicitações de amizade e cria grupos para trocar correcções de textos, traduções ou simplesmente para praticar uma língua com falantes nativos.

A Busuu.com tem cerca de quarenta mil utilizadores por dia. “As vantagens de aprender online são infinitas: está disponível 24h por dia e pode-se usar tanto em casa como no autocarro. Não há horários de abertura ou de fecho”. Outro dos benefícios, explica Niesner ao El País, é a aprendizagem colaborativa. Os utilizadores também corrigem textos de outros alunos e assim deixam de ser apenas estudantes e passam também a ser tutores do seu idioma próprio. “Ao ajudar o outro perde-se a vergonha e o medo de começar”. As conversas podem decorrer via webcam, áudio ou apenas com textos através de chat.

Nesta plataforma são corrigidos à volta de trinta mil textos todos os dias por utilizadores de diferentes pontos do globo. “É a mesma coisa que acontece com a Wikipedia, há pessoas que apenas por paixão corrigem centenas de textos”. A Busuu.com está em crescimento em países emergentes como o Brasil, a Rússia ou a China.

Cada pessoa gasta, em média, cerca de mil euros ao longo da sua vida para aprender um idioma, segundo um inquérito que Niesner e Hilti fizeram durante os anos que passaram em Espanha. “A vantagem desta rede social é que se pode ir avançando de nível sem pagar. Os utilizadores apenas precisam de predisposição e de tempo”. Tanto através da web como de uma aplicação (disponível para Android e Apple) pode-se aceder a aulas interactivas gratuitas, exames ou a testes de compreensão de leitura que vão desde o nível A1 até ao nível B2 [segundo a Regra Comum Europeia de Referência para as línguas].

Além dos conteúdos gratuitos, a subscrição de uma conta Premium oferece unidades temáticas específicas (de gramática ou vocabulário), vídeos, ou o acesso a um software de inteligência artificial que detecta os erros e os pontos fracos do utilizador propondo ainda exercícios personalizados. O preço de uma subscrição de dois anos ronda os 6 euros por mês (cerca de 660$00 cabo-verdianos).

Como qualquer rede social, a Busuu.com tem também alguns inconvenientes. Como explica a catalã Marta Pàlmies, há quem a utilize apenas para conhecer pessoas. “Tens de ser crítico ao escolher os teus amigos e se vês que não estão para corrigir textos ou que não se preocupam com a tua maneira de falar, o melhor é apaga-los da tua lista”. Esta assistente social utiliza a plataforma há mais de dois anos para melhorar o seu inglês e iniciar-se no francês.

Uma das grandes dificuldades para aprender um idioma é a fluidez, aprender a falar de forma espontânea. Christine Appel, directora do eLearn Center da Universidade Aberta da Catalunha, defende que um dos benefícios das plataformas online é que dispõem de ferramentas que permitem ao utilizador gravar as conversações para identificar os seus próprios erros. “O poder de nos escutarmos a nós mesmos é enorme e tem um grande impacto para não os repetirmos”. Outra vantagem é que permite a cada um estudar segundo o seu ritmo e parar os vídeos ou os áudios tantas vezes como se queira.

Kevin Chen, co-fundador da Italki define a sua plataforma como a Airbnb dos professores de idiomas. Lançada em 2007 e com sede em Xangai, esta web põe os utilizadores em contacto com cerca de trinta mil docentes de cem línguas diferentes, o que se chama de community teachers [comunidade de professores]. Como com o Busuu.com, o registo é gratuito, mas no caso da Italki cada professor fixa o seu preço [ronda os 9 euros, em média, por hora]. “Depende do idioma, por exemplo, o francês é mais caro que o chinês”, diz Chen, um norte-americano que saiu de Washington para montar este site juntamente com um sócio chinês. No Italki não há unidades didácticas disponíveis, mas sim uma rede com mais de um milhão e meio de utilizadores com quem se pode praticar os idiomas através do Skype.

Chen é ele próprio um apaixonado na aprendizagem de línguas. “Estudei francês durante dez anos nos Estados Unidos da América e nunca fui capaz de o falar. Durante todo esse tempo nunca conversei com um francês. Quando cheguei à China, num par de anos já era capaz de comunicar. A chave para aprender é manter diálogos reais com falantes nativos de cada língua”, explica.

Além dos contactos, o Italki oferece artigos que são enviados por vários professores, ou informações sobre os erros típicos que cometem as diferentes nacionalidades. Também se podem trocar textos com outros utilizadores para a sua correcção ou tradução.

LiveMocha: Com dezasseis milhões de utilizadores registados, esta rede social permite contactar com falantes nativos e praticar trinta e cinco idiomas. Nesta web, os utilizadores falam uns com os outros, corrigem exercícios e criam mini lições. Tudo de forma gratuita. A diferença com os outros espaços similares é que a LiveMocha aposta na jogabilidade, ou seja, no aprender jogando [gamification, em inglês]. Podem-se ganhar pontos corrigindo os exercícios dos outros utilizadores ou ajudando com revisões de textos e traduções. Esses pontos podem depois trocar-se pelo acesso a lições pagas. É tão simples como criar um perfil, especificar que idioma, ou idiomas, fala e quais, ou qual, se quer aprender.

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Autoria:Expresso das Ilhas,27 jan 2015 9:50

Editado porExpresso das Ilhas  em  31 dez 1969 23:00

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