Chips subcutâneos substituem os tradicionais cartões da empresa e servem para funções como abrir portas ou aceder aos computadores da firma, mas podem ser utilizados também para ir ao ginásio ou viajar no comboio.
Há mais empresas a instalar microchips – com o tamanho aproximado de grãos de arroz – nas mãos de trabalhadores. O objectivo é que possam entrar no escritório, aceder a computadores, fazer pequenos pagamentos (para café e snacks em máquinas) e utilizar impressoras sem precisar de chaves, códigos ou cartões.
Desde 2015 que Hannes Sjöblad – um empresário interessado em explorar as possibilidades da tecnologia para melhorar o corpo humano – organiza pequenas festas para instalar os chips (que utilizam um sistema de identificação por radiofrequência, RFID) nas mãos dos colaboradores do Epicenter, um centro de inovação e parque empresarial em Estocolmo.
Muitos vêem o pequeno aparelho como libertador, incluindo o próprio Sjöblad, que tem um na mão esquerda há anos. “Foi o fim de um porta-chaves pesado. Utilizo o meu chip imensas vezes por dia. Não só para entrar no escritório, mas também para ir ao ginásio, e até para desbloquear o telemóvel”, descreve ao jornal Público.
As “festas de implantes” – que ocorrem todos os trimestres – costumam reunir entre 20 a 30 colaboradores interessados em experimentar a tecnologia. Foi ao assistir a estes serões – depois de ficarem estupefactos com pessoas a abrir portas, ligar luzes, e utilizar máquinas de venda automática com um simples aceno de mão –, que Todd Westby e Tony Danna decidiram levar a ideia para a sua empresa, em Wisconsin, nos Estados Unidos.
A primeira “festa” da 32Market juntou 40 interessados. “A tecnologia só traz benefícios”, diz Tony Dana o vice-presidente de desenvolvimento da empresa. “Deixamos de ter de criar cartões com tecnologia RFID que são fáceis de perder e as pessoas passam a utilizar o chip para aceder ao computador. Comparativamente ao preço da perda de informação vulnerável, não é nada dispendioso”.
O uso destes chips ainda é um nicho. As quatro dezenas de pessoas da 32Market ainda não fazem uma multidão e na Suécia apenas cerca de 4% das duas mil pessoas no Epicenter já completaram o procedimento desde 2015.
Os implantes são 100% voluntários e, por enquanto, os microchips destas empresas são pagos pelos próprios trabalhadores. Na Europa, o preço varia entre os 125 e os 200 euros consoante o estabelecimento onde se faz o implante. Pode-se realizar o procedimento em qualquer centro de tatuagens ou piercings certificado. O processo de remoção (caso os trabalhadores queiram) também pode ser feito nestes locais a qualquer altura.
A tecnologia permite aceder a cada vez mais serviços. Clara Grelsson, 32 anos, que trabalha para a empresa de marketing Mindshare, realizou o procedimento o ano passado e as funções do seu chip não param de aumentar. A princípio, segundo o publico.pt, ela só o conseguia utilizar para o seu LinkedIn, mas agora uso-o para entrar no seu escritório, em Estocolmo, e para aceder ao meu ginásio. “Também o utilizei para a primeira viagem de caminhos-de-ferro na Suécia, em que o chip podia ter a informação do bilhete”, explica Grelsson.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 819 de 09 de Agosto de 2017