Há exatamente 40 anos e um dia, para sermos mais exactos, a NASA lançou a Voyager 1 para o espaço. A sonda já viajou 21 mil milhões de quilómetros e leva uma mensagem para apresentar a Humanidade ao Universo.
Foi a 5 de Setembro de 1977 que os cientistas da NASA lançavam, a partir do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, aquela que viria a ser a mais longa missão espacial da história: a Voyager. A bordo de duas pequenas sondas (uma lançada em Agosto e outra em Setembro), além dos numerosos instrumentos de medição e câmaras que serviam para cumprir o objectivo primordial da missão — fotografar e estudar Júpiter e Saturno — seguia a primeira mensagem oficial do planeta Terra destinada a eventuais civilizações extraterrestres: dois discos de cobre com sons de apresentação do planeta e do Sistema Solar.
Tudo começou com uma oportunidade que não podia ser desperdiçado: um alinhamento de planetas no Sistema Solar que só ocorre a cada 176 anos e que permitiria, através do aproveitamento dos campos gravitacionais de cada um, percorrer a maior distância possível com recurso ao mínimo de energia. Se o objetivo fundamental da missão científica era modesto (chegar a Júpiter e a Saturno), a verdade é que em pouco tempo a viagem foi reprogramada e visitou mais dois planetas — Urano e Neptuno. E depois continuou em frente. Quando as sondas chegaram ao final do Sistema Solar, tiraram o retrato de família com todos os planetas e desligaram as câmaras, para poupar energia. Hoje, as sondas já ultrapassaram os limites da heliosfera (o campo de influência do Sol) e entraram no espaço interestelar — a Voyager 1 já está a 21 mil milhões de quilómetros da Terra.
Quarenta anos depois, as naves Voyager continuam a sua missão. À medida que se aproximam do fim da energia, vão desligando gradualmente os sistemas. É a missão espacial mais longa da história, aquela que passou por mais planetas e aquela que mais informações inéditas enviou para a Terra, mudando definitivamente o conhecimento que a Humanidade tem do Universo desconhecido. Durante 40 anos, tem passado relativamente despercebida — apesar de ser autora da maioria das imagens do espaço que habitam o nosso imaginário.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 823 de 06 de Setembro de 2017.