Alterações climáticas: Curva de Keeling está imparável e o dióxido de carbono bate novo recorde

PorRendy Santos,3 nov 2017 14:02

Os registos contínuos da concentração de dióxido de carbono na atmosfera começaram em 1958. Desde aí, a curva de Keeling, como é conhecido o gráfico que mostra essa concentração, não tem parado de subir. Em 2016, atingiu-se um valor que a Terra já não conhecia entre há três e cinco milhões de anos.

 

A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera alcançou um novo recorde em 2016, segundo os dados divulgados esta segunda-feira pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). O principal gás com efeito de estufa atingiu as 403,3 partes por milhão (ppm), ultrapassando as 400 ppm alcançadas em 2015. De acordo com o publico.pt, temos de recuar no tempo três a cinco milhões de anos – quando a Terra era dois a três graus Celsius mais quente do que hoje e o nível do mar era dez a 20 metros mais alto – para encontrarmos valores idênticos de CO2 na atmosfera.

Para percebermos bem o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, temos uma referência: a curva de Keeling. Em 1958, o químico norte-americano Charles Keeling quis medir de forma rigorosa a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera. Já nessa altura se suspeitava que o CO2 estava a aumentar na atmosfera devido à queima de combustíveis fósseis, mas as medições eram insuficientes.

Charles Keeling fez então aparelhos para medir o CO2. Depois, colocou-os no topo do vulcão Mauna Loa, no Havai, a mais de três mil metros de altitude. Um aparelho semelhante foi também instalado na Antárctida. Nesse ano, concluiu-se que havia uma concentração de CO2 de 316 ppm, o que quer dizer que para cada milhão de moléculas de diferentes gases na atmosfera 316 eram de dióxido de carbono. Surgia assim a curva de Keeling, que não tem parado de subir.

Em 2015 atingiu-se mesmo a meta das 400 ppm. E, no ano passado, chegou-se às 403,3 ppm, valor que a Terra não conhecia há cerca de três a cinco milhões de anos, segundo o boletim sobre os gases com efeito de estufa da OMM agora divulgado, onde estes resultados estão publicados. No período pré-industrial (antes de 1750), a concentração era de 280 ppm.

O aumento dos níveis de CO2 e de outros gases com efeito de estufa podem causar assim “mudanças sem precedentes” nos sistemas climáticos e levar a “graves perturbações ecológicas e económicas”, refere o boletim.

As últimas medições para 2017, do Instituto de Oceanografia Scripps (EUA), com data de 28 de Outubro, indicam que já se atingiram as 403,98 ppm. E assim vai subindo a curva de Keeling.

 

 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 831 de 31 de Outubro de 2017. 

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Autoria:Rendy Santos,3 nov 2017 14:02

Editado porAndré Amaral  em  3 nov 2017 16:58

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