Investigadores usam vírus para terapia do mais letal cancro cerebral

PorExpresso das Ilhas,23 fev 2018 12:57

Glioblastoma é normalmente tratado com cirurgia para remoção de tumor, radioterapia e quimioterapia 
Glioblastoma é normalmente tratado com cirurgia para remoção de tumor, radioterapia e quimioterapia 

​Estudo envolveu 25 doentes com glioblastoma que foram submetidos a um tratamento experimental com um vírus associado às constipações comuns. A imunoterapia aumentou de forma significativa a sobrevivência de 20% dos doentes.

Uma equipa de investigadores nos EUA desenvolveu um tratamento experimental que usa um adenovírus, um vírus de tamanho médio que pode causar infecções em humanos, para atacar as células tumorais nos casos de glioblastoma, o tumor maligno mais comum no cérebro. Segundo o jornal Público, o estudo envolveu 25 doentes que já tinham sido submetidos a cirurgia e outros tratamentos e que sofreram recidivas. Após a imunoterapia experimental, 20% dos doentes viveram mais de três anos, quando a média de esperança de vida destes casos é de seis meses.

Os resultados do ensaio clínico de fase I, que envolveu investigadores do Centro de Cancro M. D. Anderson da Universidade do Texas, foram publicados semana passada na revista “Journal of Clinical Oncology”. Os cientistas usaram um adenovírus associado às constipações comuns com pequenas modificações no seu ADN que tinha sido desenvolvido em 2003 por dois neurologistas espanhóis a trabalhar naquele centro de investigação norte-americano desde 1994.

A equipa administrou uma única injecção do adenovírus modificado directamente no tumor em 25 doentes. Segundo o artigo, cinco (20%) dos doentes “sobreviveram durante três anos ou mais após o tratamento, e três desses doentes (12%) apresentaram uma redução igual ou superior a 95% no tumor”. Para a maioria das pessoas estes resultados não parecem nada de extraordinários, no entanto os investigadores envolvidos no estudo lembram que este desfecho é assinalável nos primeiros passos de um ensaio clínico num cancro tão agressivo como o glioblastoma.

“O vírus foi concebido para infectar especificamente as células tumorais, multiplicar-se nelas aos ponto de as matar e para passar de célula em célula numa onda de destruição do tumor”, resume Juan Fueyo, um dos autores do artigo, citado no site Science Daily.

Os tratamentos para este tipo de cancro do cérebro, o mais letal, normalmente resumem-se a cirurgias para remoção de tumor e, depois, a aplicação de radioterapia e quimioterapia. As recaídas são frequentes.

“Esta é a primeira vez que um vírus oncolítico [que combate o cancro] mostra esses benefícios contra o glioblastoma”, diz Gómez-Manzano, um dos neurologistas espanhóis que assinam o artigo, em declarações ao jornal “El País”.

Este tratamento experimental mostrou que é possível aumentar a esperança e qualidade de vida dos doentes, mas não curar estas pessoas, porque os tumores acabaram por reaparecer. No entanto, os resultados serão suficientes robustos para que a investigação avance para uma segunda fase de ensaio clínico. Desta vez, segundo os cientistas, o estudo vai decorrer em vários hospitais dos EUA em adultos com tumores cerebrais que vão receber este adenovírus modificado juntamente com um medicamento de imunoterapia.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 847 de 21 de Fevereiro de 2018.

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Autoria:Expresso das Ilhas,23 fev 2018 12:57

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  23 fev 2018 12:57

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