Astrônomos do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) e da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, captaram com uma antena de rádio do tamanho de uma mesa situada no Oeste da Austrália sinais ténues de gás hidrogénio procedentes da origem do universo.
Essa antena permitiu “ver mais longe do que os mais poderosos telescópios espaciais, abrindo uma nova janela para os primórdios do universo”, afirmou Peter Kurczynski, da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos, que colaborou no estudo, citado pelo site terra.com.br.
“Os telescópios não conseguem avistar longe o bastante para fornecer directamente imagens de estrelas tão antigas”, afirmou o astrónomo da Universidade do Arizona e director da pesquisa, Judd Bowman. Segundo ele, as “ondas de rádio vindas do espaço” permitem ver quando elas ganharam vida.
Os cientistas rastrearam os sinais até 180 milhões de anos depois do Big Bang – a explosão cósmica à qual se atribui a origem do universo – captando as primeiras evidências de hidrogénio observadas no Universo.
“É um período do universo sobre o qual não sabemos nada a respeito”, disse Bowman, que descreve a descoberta como “a primeira frase” do capítulo inicial da história do cosmos.
O hidrogénio estava num estado que só poderia ser observado nas primeiras estrelas, que surgiram num universo desprovido de luz e emitiram uma radiação ultravioleta que interagia com o gás.
Os átomos de hidrogénio começaram então a absorver a radiação de fundo, uma forma de radiação eletromagnética que existe no espaço, resultando em mudanças fundamentais que os cientistas puderam detectar em forma de ondas de rádio.
Segundo os pesquisadores, as evidências encontradas significam que as primeiras estrelas teriam começado a brilhar aproximadamente 180 milhões anos depois do Big Bang.
Foram necessários 12 anos de pesquisa para detectar os vestígios das primeiras estrelas. Os sinais de rádio proporcionaram “a primeira evidência de que os antepassados mais antigos de nossa árvore genealógica cósmica nasceram apenas 180 milhões de anos depois do início do Universo”, segundo afirma um comunicado da Universidade do Arizona, citado pela mesma fonte.
Segundo o director do Observatório de Haystack, Colin Lonsdale, a descoberta exige algumas mudanças na compreensão actual da evolução do universo nos seus primórdios, e os modelos cosmológicos atuais deverão ser repensados a partir de agora.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 849 de 07 de Março de 2018.