Mark Zuckerberg foi ontem interrogado pelo Senado dos EUA, tendo uma oportunidade para explicar e responder a questões relacionadas com o caso da Cambridge Analytica mas também para ‘deitar por terra’ algumas suspeitas de longa data sobre a rede social.
Entre elas está a teoria da conspiração que o Facebook espia conversas através do microfone do Facebook. “Sim ou não, o Facebook usa áudio obtido através dos dispositivos móveis para ter mais informação pessoal sobre os seus utilizadores?”, questionou o senador Gary Peters. Na hora de responder, conta o The Verge que Zuckerberg não perdeu a oportunidade de esclarecer o assunto.
“Senador, deixe-me ser claro, está a falar de uma teoria da conspiração que está a circular e que diz que ouvimos o que se está a passar pelo microfone [do seu smartphone] e usamos [a informação] para anúncios. Para ser claro, permitimos que as pessoas filmem vídeos nos seus dispositivos e os partilhem, e esses vídeos têm áudio, portanto fazê-lo enquanto está a filmar um vídeo, gravamo-lo e usamo-lo para tornar o serviço melhor garantindo que os seus vídeos têm áudio, mas penso que isso é claro. Só queria ter a certeza que era claro sobre isso”, respondeu Zuckerberg.
'Lição' sobre a importância da privacidade
Durante a sessão, o Senador democrata Dick Durbin perguntou ao fundador do Facebook se este revelaria o hotel onde passou a sua última noite.
Pode ser difícil perceber o que está em jogo com o escândalo da apropriação de dados do Facebook por parte da Cambridge Analytica mas, uma pergunta do senador democrata Dick Durbin feita a Mark Zuckerberg durante o interrogatório de ontem, permite-lhe ter uma ideia bastante clara.
“Ficaria confortável em partilhar connosco o nome do hotel em que ficou na noite passada?”, questionou Durbin, perante um confuso Zuckerberg. “Se enviou mensagens a alguém durante esta semana, gostaria de partilhar connosco os nomes das pessoas a quem enviou mensagens?”, pressionou o senador.
“Senador, não, provavelmente escolheria não o fazer publicamente aqui”, respondeu por fim o fundador do Facebook, dando o mote para a ‘lição’ que se seguiria. “Penso que tudo tem a ver com isto – o direito à privacidade, os limites do teu direito à privacidade e do que estás disposto a abdicar na América moderna”, declarou Durbin.
Proteja-se
O recente escândalo com a Cambridge Analytica levou muitos utilizadores do Facebook a tomarem medidas para protegerem melhor os seus dados. O menu de definições da rede social é uma boa forma de regular o nível de privacidade que prefere, sendo que há certas atitudes que pode tomar para garantir que está melhor protegido.
Como nota a Deco Proteste, a sua protecção começa com o tipo de pessoas que permite ter acesso à sua página. Por esse motivo, só deve aceitar pessoas que conhece pessoalmente e rejeitar os utilizadores que não tenham a sua confiança.
Uma vez controlado o número de ‘amigos’, deve prestar atenção com quem partilha as suas publicações. Por isso mesmo deverá separar os seus ‘amigos’ em subgrupos, indicando quem é família, amigo ou colega para evitar dissabores. Deve também ocultar todo o seu perfil de estranhos definindo que apenas os seus ‘amigos’ possam ver o que publica.
Deve ainda controlar quem tem a capacidade de o identificar em publicações ou até se alguém o pode identificar de todo. No mínimo, deve aprovar cada situação em que seja identificado, impedindo assim que alguém possa saber com quem e onde esteve. O que nos leva ao último ponto, que é nunca dizer onde está, não só evitando publicar a sua localização como também desactivar a o acesso do Facebook ao GPS do smartphone.