É possível navegar pela Internet sem deixar rastos?

PorExpresso das Ilhas,5 mai 2018 7:59

A luta pela privacidade é uma batalha perdida. Qualquer um pode saber o que acontece no seu computador.

Como podemos fazer para evitar deixar um rasto dos nossos dados? “A única forma é não usar nada, nem oGooglenem oFacebook”, diz, convicto, o engenheiro de informática Lorenzo Martínez, director da empresa de segurança Securízame, da Espanha, citado pelo El País/Brasil. “Para não deixar rastro, o que se deve fazer é não se conectar àInternet.”

O escândalo daCambridge Analyticatornou-se um incentivo para quem teme ter sua actividade na Internet vasculhada. Mas o facto é que a busca por privacidade na Rede é uma luta perdida. De um modo ou de outro, mesmo recorrendo a truques dehackers, qualquer um que tiver interesse em saber o que acontece no seu computador ou telemóvel conseguirá descobrir. Mas nem por isso se deve deixar de exigir dos gigantes da Internet que desenvolvam plataformas que sejam respeitosas com seus usuários e que não atropelem seus direitos, com a desculpa de que oferecem um serviço gratuito.

Há plataformas que fazem da privacidade a sua bandeira. O buscadorDuckDuckGodiz que não armazena a informação das buscas do usuário e que oferece uma boa experiência de navegação. Outros, como oStartPage, prometem o mesmo, fazendo o papel de intermediários entre o usuário e o Google ouYahoopara evitar que estes armazenem os dados. OMetaGer também faz sucesso graças à sua criptografia. Contudo, as pesquisas com buscadores alternativos às vezes podem não ser tão completas como as oferecidas pelo Google e o seu poderoso algoritmo.

Os navegadores costumam oferecer a opção de navegar em modo anónimo, para não deixar rasto das páginas que visitamos. Quem se sentar em frente do computador depois de nós não saberá quais sites visitamos, mas isso não significa que não tenha deixado nenhum rasto. Algo semelhante ocorre quando apagamos apenas o histórico de visitas: não aparece no computador, mas o Google, ou o fabricante do navegador que usamos, sabe quais páginas visitamos.

Alguns doscookies – pequenos arquivos que armazenam nossa informação cada vez que acessamos um site pela primeira vez – descarregados no nosso aparelho incluem rastreadores que servem para configurar um perfil nosso em função das buscas que fazemos. Essa informação éempacotadae vendida a empresas, anunciantes ou mesmo governos. Há vários softwares que permitem bloquear esses rastreadores. OPrivacy Badgeré uma das vias recomendadas pela ONGTactical Technology Collective, com sede em Berlim, que luta pela privacidade dos usuários; ou oAdblock Plus, que serve para limitar a abertura dos incómodos anúncios na tela e também bloqueia os rastreadores; também aconselham recorrer aoClick&Cleanpara limpar o histórico de buscas.

Usar um navegador como oTor Browser, com o ônus de uma menor velocidade de conexão, é uma forma de acrescentar uma camada adicional de segurança. Outra é recorrer àsVPNs, redes privadas virtuais com as quais se cria um túnel cifrado que evitará que qualquer um (exceto a empresa do VPN, claro) conheça nossas buscas.

Ofelia Tejerina, secretária da Associação dos Internautas da Espanha, recomenda não se conectar a uma rede gratuita de wi-fi na hora de estabelecer comunicações confidenciais com o seu banco, nem adicionar amigos a toda hora nas redes sociais. “Em termos de tecnologia”, diz, “somos tão vulneráveis quanto imprudentes”.


Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 857 de 02 de Maio de 2018.

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Autoria:Expresso das Ilhas,5 mai 2018 7:59

Editado porAndre Amaral  em  5 mai 2018 7:59

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