O maior estudo alguma vez realizado sobre tratamentos de cancro da mama concluiu que a maioria das mulheres com a forma mais comum da doença podia saltar a quimioterapia sem afectar as suas hipóteses de vencer o cancro.
Os resultados esperam poupar cerca de 70 mil doentes que todos os anos nos Estados Unidos e em outros locais passam por esta provação e fazem despesas com estes medicamentos.
Segundo a agência Lusa, os testes genéticos mostram que a maioria das mulheres não necessitam de tratamento, além da cirurgia e dos bloqueadores hormonais e que a quimioterapia não melhora a sobrevida.
O estudo envolveu cancros no estádio inicial, antes de se espalhar pelos gânglios linfáticos, alimentado por hormonas e que não é alvo do medicamento Herceptin.
Os resultados do estudo foram discutidos este domingo, numa conferência sobre cancro em Chicago e são publicados na revista científica New England Journal of Medicine.
O estudo, conduzido por uma equipa de investigadores do Texas, é considerado o maior feito até hoje sobre terapias inovadoras baseadas nas características genéticas individuais dos doentes.
Segundo relata a AFP, os tratamentos que atacam os tumores em função de suas características genéticas individuais, e não da sua categoria geral, aumentam significativamente a sobrevivência do paciente em relação aos métodos tradicionais.
Nem todos os cancros de mama, fígado ou outros são iguais, explicam os investigadores. Durante anos, os pesquisadores multiplicaram o sequenciamento de tumores, principalmente os resistentes aos tratamentos habituais, para encontrar mutações genéticas num paciente específico e adaptar o medicamento que lhe será administrado.
Foi o que uma equipa de investigadores do Texas se propôs fazer em 2007, através de um estudo alargado denominado “Impact”.
Os pesquisadores recrutaram 3.743 doentes tratados no centro oncológico MD Anderson, no Texas, de 2007 a 2013. Todos tinham cancro em estágio avançado, principalmente de mama, pulmão ou gastrointestinal.
Do total, 711 foram tratados com um medicamento adaptado a uma mutação genética identificada entre eles. Um segundo grupo, de 596, seguiu o protocolo padrão, principalmente porque não havia disponível nenhum tratamento geneticamente adaptado para seus casos.
Depois de três anos, 15% dos que receberam terapias moleculares específicas estavam vivos, em comparação com 7% no grupo de pacientes que seguiram o tratamento tradicional. Depois de 10 anos, 6% dos pacientes do grupo objetivo estavam vivos, contra 1% do outro grupo.
A principal autora do estudo, Apostolia Tsimberidou, disse à AFP que o novo método “melhora a cada ano”, abrindo novos horizontes para os tratamentos. “No começo, só podíamos trabalhar num ou dois genes. Hoje podem ser detetadas centenas de mutações”, explica.