Governo estuda introdução de automóveis eléctricos no mercado nacional

PorAndre Amaral,16 jun 2018 7:57

​Seguindo a tendência mundial, Cabo Verde não quer perder o comboio da introdução de automóveis eléctricos no país. Este ano espera-se que circulem nas estrades de todo o mundo cerca de 5 milhões de automóveis eléctricos ou híbridos.

“O país está a preparar-se para os carros eléctricos”, anunciou, no passado dia 31 de Maio, Elísio Freire, porta-voz do Conselho de Ministros.

O despertar para a questão da mobilidade eléctrica sustentável em Cabo Verde é motivado pelos objectivos traçados no programa nacional para a sustentabilidade energética, mas também pelos avanços tecnológicos a nível internacional.

Segundo Alexandre Monteiro, Ministro da Indústria, este é um “desafio, uma aposta a nível mundial de termos transportes eficientes no que respeita ao consumo de energia e esta eficiência vai na linha da política global relacionada com a questão das mudanças climáticas e de protecção do ambiente”.

Para este governante, Cabo Verde está no momento ideal para fazer a transição dos combustíveis ‘clássicos’ como a gasolina ou o gasóleo para a energia eléctrica tendo em conta a aposta que o governo quer fazer na área das energias renováveis. “Em Cabo Verde podemos associar as duas coisas, ou seja, o facto de o país estar a apostar num perfil energético com forte incremento de energias renováveis como forma de reduzir a nossa dependência externa relativamente ao petróleo e podemos também levar para o sector do transporte a energia renovável tendo em conta o perfil energético que referi”, explica.

Mas, na verdade, este é um processo que está, ainda, a dar os primeiros passos. O governo criou “um grupo de trabalho multidisciplinar que engloba, não só o sector da energia, mas também, o sector do ambiente, do transporte terrestre e a Associação Nacional de Municípios” que irá trabalhar na elaboração de um documento orientador de todo este processo de transição para a mobilidade eléctrica.

“Estamos a falar de um novo paradigma de transporte terrestre, o que vai exigir, também, conjuntos de criação de situações desde a logística ao enquadramento fiscal e um conjunto de sectores que terão de adaptar-se a um regulamento e quadro legal próprio”.

Dessa forma, garante Alexandre Monteiro, o grupo de trabalho que agora foi constituído pelo governo vai “acompanhar a elaboração da política nacional de mobilidade eléctrica e do próprio plano de operacionalização”, tendo já sido lançado o concurso que permitirá ao governo escolher e empresa de consultoria que vai “ajudar na elaboração desse plano operacional, no qual esse grupo de trabalho vai acompanhar todo esse processo de elaboração e validação dos procedimentos”.

Um plano que deverá estar concluído até final deste ano, altura em que será entregue ao governo para “aprovação e posterior adopção no país”.

Aposta nas renováveis para reduzir factura

Tendo em conta que a electricidade, em Cabo Verde, tem um peso significativo nas contas familiares, a questão que se impõe é como é que se vai fazer com que esta nova forma de transporte seja compensadora para o consumidor?

Alexandre Monteiro, mais uma vez, aponta a aposta que o governo está a fazer no aumento da produção através das renováveis. “Neste momento, Cabo Verde tem a energia eléctrica, em termos de custo, ligada de forma muito forte ao custo de produtos petrolíferos. Nós quando dissemos que estamos a reduzir a nossa dependência externa e a incrementar as renováveis é com o objectivo de baixar a factura energética, tendo em conta que hoje há uma oportunidade, a nível mundial, de evolução das tecnologias de produção de energia renovável”. E acrescenta, “no caso de Cabo Verde com o potencial existente (sol e vento) os estudos apontam para energias renováveis a preço competitivo. E temos uma demonstração prática pois acabamos de lançar um concurso que está em fase de avaliação final para a instalação de 10MW solares na Calheta de São Miguel onde a tarifa de injecção na rede vai ser muito inferior ao custo de produção de energia que temos actualmente no país”, conclui.

Frota mundial de carros eléctricos cresce 55% num ano

A quantidade de carros eléctricos e híbridos plug-in pelo mundo ultrapassou a marca dos 3 milhões em 2017. A frota do segmento tem crescido de forma exponencial. Só no ano passado foram vendidos mais de um milhão. As informações foram veiculadas pelo jornal britânico The Guardian a partir da base de dados sueca EV-Volumes, que contabiliza a venda desses veículos.

Até o final de Novembro, o número já havia atingido os 3,3 milhões, segundo a publicação. Para 2018, a estimativa é que sejam comercializados entre 1,7 e 2 milhões de carros. Com isso, ao final deste ano, seriam mais de 5 milhões de eléctricos e híbridos plug-in a circular em todos os países do mundo. No entanto, e para efeito de comparação, há que notar que actualmente são vendidos cerca de 80 milhões de veículos todos os anos.

A China é o mercado que mais impulsiona esse crescimento, com aproximadamente metade da frota. O país asiático promove políticas de incentivo à compra de veículos menos poluentes para combater os níveis de poluição da atmosfera.


Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 863 de 13 de Junho de 2018.

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Autoria:Andre Amaral,16 jun 2018 7:57

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  17 jun 2018 9:50

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