“O país está a preparar-se para os carros eléctricos”, anunciou, no passado dia 31 de Maio, Elísio Freire, porta-voz do Conselho de Ministros.
O despertar para a questão da mobilidade eléctrica sustentável em Cabo Verde é motivado pelos objectivos traçados no programa nacional para a sustentabilidade energética, mas também pelos avanços tecnológicos a nível internacional.
Segundo Alexandre Monteiro, Ministro da Indústria, este é um “desafio, uma aposta a nível mundial de termos transportes eficientes no que respeita ao consumo de energia e esta eficiência vai na linha da política global relacionada com a questão das mudanças climáticas e de protecção do ambiente”.
Para este governante, Cabo Verde está no momento ideal para fazer a transição dos combustíveis ‘clássicos’ como a gasolina ou o gasóleo para a energia eléctrica tendo em conta a aposta que o governo quer fazer na área das energias renováveis. “Em Cabo Verde podemos associar as duas coisas, ou seja, o facto de o país estar a apostar num perfil energético com forte incremento de energias renováveis como forma de reduzir a nossa dependência externa relativamente ao petróleo e podemos também levar para o sector do transporte a energia renovável tendo em conta o perfil energético que referi”, explica.
Mas, na verdade, este é um processo que está, ainda, a dar os primeiros passos. O governo criou “um grupo de trabalho multidisciplinar que engloba, não só o sector da energia, mas também, o sector do ambiente, do transporte terrestre e a Associação Nacional de Municípios” que irá trabalhar na elaboração de um documento orientador de todo este processo de transição para a mobilidade eléctrica.
“Estamos a falar de um novo paradigma de transporte terrestre, o que vai exigir, também, conjuntos de criação de situações desde a logística ao enquadramento fiscal e um conjunto de sectores que terão de adaptar-se a um regulamento e quadro legal próprio”.
Dessa forma, garante Alexandre Monteiro, o grupo de trabalho que agora foi constituído pelo governo vai “acompanhar a elaboração da política nacional de mobilidade eléctrica e do próprio plano de operacionalização”, tendo já sido lançado o concurso que permitirá ao governo escolher e empresa de consultoria que vai “ajudar na elaboração desse plano operacional, no qual esse grupo de trabalho vai acompanhar todo esse processo de elaboração e validação dos procedimentos”.
Um plano que deverá estar concluído até final deste ano, altura em que será entregue ao governo para “aprovação e posterior adopção no país”.
Aposta nas renováveis para reduzir factura
Tendo em conta que a electricidade, em Cabo Verde, tem um peso significativo nas contas familiares, a questão que se impõe é como é que se vai fazer com que esta nova forma de transporte seja compensadora para o consumidor?
Alexandre Monteiro, mais uma vez, aponta a aposta que o governo está a fazer no aumento da produção através das renováveis. “Neste momento, Cabo Verde tem a energia eléctrica, em termos de custo, ligada de forma muito forte ao custo de produtos petrolíferos. Nós quando dissemos que estamos a reduzir a nossa dependência externa e a incrementar as renováveis é com o objectivo de baixar a factura energética, tendo em conta que hoje há uma oportunidade, a nível mundial, de evolução das tecnologias de produção de energia renovável”. E acrescenta, “no caso de Cabo Verde com o potencial existente (sol e vento) os estudos apontam para energias renováveis a preço competitivo. E temos uma demonstração prática pois acabamos de lançar um concurso que está em fase de avaliação final para a instalação de 10MW solares na Calheta de São Miguel onde a tarifa de injecção na rede vai ser muito inferior ao custo de produção de energia que temos actualmente no país”, conclui.
Frota mundial de carros eléctricos cresce 55% num ano
A quantidade de carros eléctricos e híbridos plug-in pelo mundo ultrapassou a marca dos 3 milhões em 2017. A frota do segmento tem crescido de forma exponencial. Só no ano passado foram vendidos mais de um milhão. As informações foram veiculadas pelo jornal britânico The Guardian a partir da base de dados sueca EV-Volumes, que contabiliza a venda desses veículos.
Até o final de Novembro, o número já havia atingido os 3,3 milhões, segundo a publicação. Para 2018, a estimativa é que sejam comercializados entre 1,7 e 2 milhões de carros. Com isso, ao final deste ano, seriam mais de 5 milhões de eléctricos e híbridos plug-in a circular em todos os países do mundo. No entanto, e para efeito de comparação, há que notar que actualmente são vendidos cerca de 80 milhões de veículos todos os anos.
A China é o mercado que mais impulsiona esse crescimento, com aproximadamente metade da frota. O país asiático promove políticas de incentivo à compra de veículos menos poluentes para combater os níveis de poluição da atmosfera.
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Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 863 de 13 de Junho de 2018.
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