Um grupo de pesquisadores norte-americanos pode ter descoberto algo que milhões de pessoas ansiavam; um comprimido para a perda de peso que mostrou não aumentar o risco de problemas cardíacos. A descoberta está a ser apelidada pela imprensa internacional como “o Santo Graal” do combate à obesidade.
Os pesquisadores asseguram que a lorcaserina é a primeira droga anti-obesidade, com utilização a longo prazo, a ser considerada segura para a saúde do coração. A lorcaserina inibe o apetite fazendo com que o cérebro obtenha uma sensação de saciedade com apenas duas doses diárias.
Mas, para além de perda de peso, este medicamento é considerado sagrado por ter outro benefício: não aumenta o risco de problemas cardíacos. Actuando sobre a serotonina no hipotálamo, não causa danos na serotonina presente no coração.
O estudo americano, como escreve o dn.pt, avaliou 12 mil pessoas obesas ou com peso acima do pretendido. Os resultados estão à vista: os que tomaram o medicamento lorcaserina perderam, em média, quatro quilos em 40 meses. Estas taxas foram alcançadas sem um aumento no risco de problemas cardiovasculares, tais como pressão arterial, frequência cardíaca e glicemia.
Divididos por grupos, 38,7% dos participantes que tomaram a pílula “sagrada” perderam 5% do peso, após um ano, em comparação com 17,4% que receberam um placebo (medicamento feito para se assemelhar a outro, composto por substâncias inativas, para fim de investigação médica). Desses 39%, 8,5% desenvolveram níveis de diabetes.
Assim, como Tam Fry, do Fórum Nacional da Obesidade da Grã-Bretanha, revelou ao The Daily, este medicamento é “o santo graal da medicina para a perda de peso. É o que todos nós procuramos”.
Jason Halford, especialista em obesidade da Universidade de Liverpool, afirmou ao Daily Telegraph que a disponibilidade do medicamento no Reino Unido já só está dependente da luz verde do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido. “Não temos inibidores de apetite disponíveis no nosso sistema. Existe um vazio enorme entre quem quer perder peso através de uma mudança de estilo de vida e da cirurgia”, referiu, citado pela pela mesma fonte.
Refira-se que a Food and Drug Administration, a agência de medicamentos dos EUA, já permitiu a utilização da lorcaserina, desde 2012, em alguns adultos.
O estudo foi discutido na Sociedade Europeia de Cardiologia, em Munique, no passado domingo, e publicado pelo New England Journal of Medicine.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 875 de 5 de Setembro de 2018.