"As economias rurais, onde apenas uma reduzida parte da população vive em zonas urbanas, estão particularmente sujeitas a este risco, uma vez que apresentam uma menor taxa de emprego no sector dos serviços, que é menos susceptível de ser automatizado", lê-se no relatório intitulado "Criação de Emprego e Desenvolvimento Económico Local 2018 – Preparando para o Futuro do Trabalho" elaborado pela OCDE.
“A automatização rápida pode deixar algumas pessoas para trás. Os trabalhadores cujas tarefas são automatizadas perdem o seu lugar num mercado de trabalho em mudança”, apontou Mari Kiviniemi, Secretária-geral adjunta da OCDE, durante a apresentação do documento elaborado por aquela organização.
São vários os exemplos mostrados no estudo da OCDE que ilustram a influência que a digitalização e a automatização poderão ter em diversos países do mundo. E as diferenças, como se conclui são ainda mais notórias a nível regional.
O jornal digital português Negócios cita dois exemplos. Por um lado, o Canadá onde “as diferenças regionais quase inexistem”, por outro a Espanha onde a disparidade regional “estica até aos 12 pontos percentuais quando se compara Castilla - La Mancha com Múrcia, a comunidade autónoma com pior desempenho”. Ainda outra comparação regional destacada naquele jornal: na área circundante da capital norueguesa, Oslo, apenas 4% das profissões poderão ser afectadas pela automatização laboral. No polo oposto está a região ocidental da Eslováquia onde o mesmo fenómeno poderá vir a afectar cerca de 40% dos postos de trabalho existentes.
O que mostram os números apresentados pelo estudo? Que os países onde se verificou uma aposta no ensino das novas tecnologias serão menos afectados pela automatização do mercado laboral.
Citado pelo Negócios, o ministro português do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, presente na abertura do Fórum da OCDE dedicado a profissionais de desenvolvimento local, empreendedores e inovadores sociais, lembrou que, no passado, as assimetrias faziam com que as regiões menos competitivas tivessem grandes dificuldades em recuperar o dinamismo e gerar emprego. E lamentou que as respostas a essas desiguldades, dadas sobretudo por via de investimentos públicos, tivessem ficado quase sempre "aquém das possibilidades".
Mas actualmente “o paradigma mudou”, defendeu, dizendo que se as tecnologias podem criar assimetrias e aumentar o risco de exclusão, elas podem também funcionar em sentido inverso, ou seja, como diminuidoras dessas desigualdades.
Já a OCDE destaca que as regiões onde os trabalhadores possuem um menor nível de qualificação apresentam uma maior percentagem de postos de trabalho em risco de automatização. "As economias rurais, onde apenas uma reduzida parte da população vive em zonas urbanas, estão particularmente sujeitas a este risco, uma vez que apresentam uma menor taxa de emprego no sector dos serviços, que é menos susceptível de ser automatizado", lê-se no mesmo relatório.