O resultado, aceite para publicação no Astrophysical Journal, faz parte de um estudo chamado Hazmat, voltado para investigar as ameaças a que estão submetidos mundos potencialmente habitáveis ao redor de estrelas anãs vermelhas.
Menores que o nosso Sol, esses astros são extremamente comuns e compõem cerca de três quartos das estrelas da Via Láctea. Sabe-se também que, sobretudo na sua juventude, elas são muito mais activas, com frequentes e imensas explosões de plasma e radiação. Mas os detalhes ainda carecem de investigação, e essa é uma das motivações do estudo.
Segundo Folha de S.Paulo, o projecto está focado na observação de estrelas anãs vermelhas jovens (40 milhões de anos), adolescentes (650 milhões de anos) e maduras (com bilhões de anos). Até agora, foram observadas 18 explosões estelares, uma delas tão forte que pode ser classificada como uma “superexplosão”. Foi apelidada Hazflare.
“Com o Sol temos cem anos de observações e, nesse período, vimos uma ou duas explosões comparáveis à da Hazflare”, diz o astrofísico Parke Loyd, citado pela mesma fonte, um dos autores do estudo. “Em menos de um dia, pegamos a Hazflare, o que significa que temos superexlosões ocorrendo todos os dias ou talvez várias vezes ao dia.”
Uma explosão dessas, viajando na direção de um planeta como a Terra, seria capaz de varrer completamente a sua atmosfera.
Os pesquisadores agora investigam estrelas com mais idade, conhecidamente mais tranquilas. É possível que, após bilhões de anos, até as mais rebeldes anãs vermelhas se tornem menos inóspitas a planetas habitáveis. Resta saber se há mecanismo que permita que eles restaurem sua atmosfera, varrida diversas vezes durante a evolução inicial do sistema.
Espera-se que com a próxima geração de telescópios terrestres e no espaço seja possível estudar a atmosfera de planetas ao redor de anãs vermelhas e, assim, caracterizar o ambiente que impera nas suas superfícies.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 882 de 24 de Outubro de 2018.