Investigador garante ter criado bebés geneticamente modificados

PorExpresso das Ilhas,3 dez 2018 6:24

​O investigador He Jiankui anunciou conseguido alterar o ADN de duas bebés gêmeas, dotando-as de resistência à infecção por VIH. A ser verdade, é uma conquista da ciência, mas também um feito que levanta várias dúvidas éticas e morais e ainda eventuais riscos para o futuro. He Jiankui, um cientista chinês formado na América, garantiu esta segunda-feira à Associated Press, ter conseguido criar os nascer os primeiros bebés com ADN modificado em laboratório.

Por enquanto, a comunidade científica conta apenas com a palavra dele para o feito, uma vez que este ainda não foi confirmado por nenhuma entidade independente, avaliado por pares, ou publicado em qualquer revista científica, por forma a explicar os métodos e resultados.

Na sequência do seu testemunho, a Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, em Shenzen, (à qual He Jiankui está ligado) já anunciou que vai abrir uma investigação ao caso.

A universidade lançou um comunicado, citado pela agência Lusa, no qual alega que não tinha conhecimento desta experiência e que He Jiankui estava de licença desde Fevereiro. Segundo a instituição, a experiência constitui uma “grave violação da ética e dos padrões académicos”, até porque terá sido realizada fora do escopo de avaliação da comunidade científica.

Duas meninas gémeas

He Jiankui e a sua equipa terão alterado os embriões de sete casais durante tratamentos de fertilidade. Apenas uma das gravidezes terá sido bem sucedida, dela tendo nascido duas meninas, gémeas, com ADN alterado através de uma técnica chamada CRISPR/Cas9.

Essa alteração, segundo o investigador, não teve como objectivo curar ou prevenir qualquer doença hereditária, mas tentar dotar os embriões de uma capacidade para resistir a uma eventual infecção por VIH.

Para isso, terá sido desactivado o gene CCR5, que permite que o vírus que causa a SIDA entre numa célula. “O problema é que o gene CCR5 tem também efeitos benéficos na resistência a outras infeções, como a infeção com o vírus do Nilo ocidental e a infeção com um vírus da gripe com consequências potencialmente mais letais”, aponta o Observador.

Ainda de acordo com a entrevista do cientista à AP, que aconteceu em Hong Kong, todos os homens que participaram na experiência estavam infectados com o VIH, ao contrário das mulheres, e tiveram a infecção controlada por medicamentos para o vírus.

Os pais das bebés não quiseram ser identificados, pelo que o cientista recusou-se a revelar onde vivem e onde foi feito o procedimento.

Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 887 de 28 de novembro de 2018.

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Autoria:Expresso das Ilhas,3 dez 2018 6:24

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  3 dez 2018 6:24

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