Um gémeo foi ao espaço e o outro ficou na Terra. Um ano depois, estão diferentes

PorExpresso das Ilhas,23 abr 2019 6:38

​Um gémeo foi ao espaço, o outro ficou na Terra e mais de 80 cientistas de 12 universidades estudaram os dados vitais de ambos.

Scott Kelly passou um ano na Estação Espacial Internacional, enquanto Mark ajudou os investigadores agindo como contraponto ao que foi registado no corpo do seu irmão.

“Este é o começo doestudo do genoma humano no Espaço“, afirmou Andrew Feinberg, da universidade Johns Hopkins, referindo que foram criados métodos que servirão para “mais investigação para concluir o que acontece aos humanos” fora da Terra.

De acordo com a agência Lusa, os investigadores descobriram nas análises a Scott Kelly um aumento de comprimento dos telómeros, estruturas que fazem parte dos cromossomas, mas tudo voltou ao normal seis meses após o regresso à Terra. Descobriram ainda que avacina da gripe funcionado mesmo modo no espaço e que não houve alterações significativas da flora intestinal do gémeo astronauta.

O estudo édescritona edição da revistaSciencepublicada sexta-feira passada e baseia-se em amostras de sangue, dados fisiológicos e outras medições feitas com os gémeos Kelly ao longo de um período de 27 meses antes, durante e depois da missão espacial de Scott.

Amostras do astronauta foram recolhidas na estação espacial e enviadas de volta à Terra durante umreabastecimento da estação espacial por uma nave russa, para serem analisadas num prazo de 48 horas.

Os resultados levantam preocupações sobre a forma como os astronautas devem serpreparados para viagens espaciais– sobretudo nos planos futuros para uma missão com humanos até Marte, por exemplo.

Segundo a mesma fonte, de modo simplificado, pode-se afirmar que Scott voltou para a Terramais velhoque seu irmão. Pelo menos com sintomas parecidos com os do envelhecimento: comprometimento cognitivo, perda de densidade óssea e até alterações cardiovasculares – como o espessamento da artéria carótida.

As conclusões sobre os perigos das viagens espaciais para o genoma humano não são ainda evidentes, afirmam os cientistas, mas fazer o mesmo tipo de estudo em astronautas de missões espaciais futuras poderáajudar a prever o tipo de riscos médicosque poderão enfrentar em viagens prolongadas, sem gravidade e com exposição a raios ultra-violeta nocivos e outros riscos para a saúde humana.

Feinberg assinalou que estudar um par de gémeos idênticos foi uma oportunidade rara de comparar mudanças fisiológicas e genéticas mas frisou que não se pode atribuir as mudanças apenas à viagem espacial, sendo necessário continuar a investigação com outros astronautas. A sua equipa estudou dois tipos de glóbulos brancos e descobriu que em ambos os irmãos se verificaram alterações epigenéticas.


Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 907 de 17 de Abril de 2019.

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Autoria:Expresso das Ilhas,23 abr 2019 6:38

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  23 abr 2019 6:38

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