Scott Kelly passou um ano na Estação Espacial Internacional, enquanto Mark ajudou os investigadores agindo como contraponto ao que foi registado no corpo do seu irmão.
“Este é o começo doestudo do genoma humano no Espaço“, afirmou Andrew Feinberg, da universidade Johns Hopkins, referindo que foram criados métodos que servirão para “mais investigação para concluir o que acontece aos humanos” fora da Terra.
De acordo com a agência Lusa, os investigadores descobriram nas análises a Scott Kelly um aumento de comprimento dos telómeros, estruturas que fazem parte dos cromossomas, mas tudo voltou ao normal seis meses após o regresso à Terra. Descobriram ainda que avacina da gripe funcionado mesmo modo no espaço e que não houve alterações significativas da flora intestinal do gémeo astronauta.
O estudo édescritona edição da revistaSciencepublicada sexta-feira passada e baseia-se em amostras de sangue, dados fisiológicos e outras medições feitas com os gémeos Kelly ao longo de um período de 27 meses antes, durante e depois da missão espacial de Scott.
Amostras do astronauta foram recolhidas na estação espacial e enviadas de volta à Terra durante umreabastecimento da estação espacial por uma nave russa, para serem analisadas num prazo de 48 horas.
Os resultados levantam preocupações sobre a forma como os astronautas devem serpreparados para viagens espaciais– sobretudo nos planos futuros para uma missão com humanos até Marte, por exemplo.
Segundo a mesma fonte, de modo simplificado, pode-se afirmar que Scott voltou para a Terramais velhoque seu irmão. Pelo menos com sintomas parecidos com os do envelhecimento: comprometimento cognitivo, perda de densidade óssea e até alterações cardiovasculares – como o espessamento da artéria carótida.
As conclusões sobre os perigos das viagens espaciais para o genoma humano não são ainda evidentes, afirmam os cientistas, mas fazer o mesmo tipo de estudo em astronautas de missões espaciais futuras poderáajudar a prever o tipo de riscos médicosque poderão enfrentar em viagens prolongadas, sem gravidade e com exposição a raios ultra-violeta nocivos e outros riscos para a saúde humana.
Feinberg assinalou que estudar um par de gémeos idênticos foi uma oportunidade rara de comparar mudanças fisiológicas e genéticas mas frisou que não se pode atribuir as mudanças apenas à viagem espacial, sendo necessário continuar a investigação com outros astronautas. A sua equipa estudou dois tipos de glóbulos brancos e descobriu que em ambos os irmãos se verificaram alterações epigenéticas.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 907 de 17 de Abril de 2019.