Sexta-feira, 13 de Abril de 2029. Ainda faltam dez anos, mas é esta a data prevista para que o asteróide 99942 Apophis passe – sem perigo – perto da Terra. Visto de cá, será apenas um pontinho de luz a rasgar o céu, que se tornará gradualmente mais rápido e mais brilhante, tanto quanto as estrelas da constelação Ursa Menor, refere a NASA.
O asteróide tem 340 metros de diâmetro e “é raro” que um objecto deste tamanho passe tão perto da Terra. Os outros que por cá passam não vão além dos dez metros de diâmetro. Este passará a uns 31 mil quilómetros do planeta, a mesma distância de alguns dos satélites artificiais que orbitam a Terra.
A novidade foi recebida com entusiasmo pela comunidade científica, que procura agora formas de observar e analisar futuras aproximações celestiais, equacionando até o envio de sondas terrestres ao asteróide para o estudar. Um grupo de cientistas esteve reunida até quinta-feira passada na Conferência de Defesa Planetária, que decorria desde terça-feira (30 de Abril) no estado norte-americano de Maryland, e um dos temas na agenda é a passagem do asteróide, incluindo a forma como a gravidade terrestre o poderá afectar.
“A aproximação do 99942 Apophis à Terra será uma oportunidade incrível para a ciência”, afirmou, num comunicado da NASA citado pelo jornal Público, a cientista Marina Brozovi, que trabalha na detecção radar de objectos que se aproximam do planeta: “Observaremos o asteróide com telescópios ópticos e com telescópios radar. Com as observações radar, talvez consigamos ver pormenores da superfície que tenham poucos metros de tamanho”.
A NASA esclarece que as observações mais importantes serão feitas durante a passagem do corpo rochoso, podendo estudar-se de perto o tamanho, a forma, a composição e talvez até o seu interior.
O asteróide 99942 Apophis foi descoberto pelos astrónomos do Observatório Nacional de Kitt Peak (EUA) em Junho de 2004.
Na altura da descoberta, a novidade gerou alguma preocupação entre os cientistas, porque as observações iniciais indiciavam que existia uma probabilidade de 2,7% de o asteróide atingir a Terra em 2029.
Essa hipótese de colisão acabou por ser descartada, depois de terem sido feitas novas observações que permitiram estimar com maior precisão a rota do asteróide. Desde então, os cientistas continuam a acompanhar a sua trajectória em torno do Sol.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 910 de 08 de Maio de 2019.