Muitas celebridades e anónimos têm publicado nas redes sociais fotografias de como uma nova aplicação prevê que vão ser dentro de quarenta anos. FaceApp é uma ferramenta muito simples desenvolvida pela empresa russa Wireless Lab: tem de instalar a aplicação, carregar uma fotografia sua, escolher o efeito “Idade” e uma viagem ao futuro acontece mesmo à sua frente. Uma diversão que até pode arrancar gargalhadas aos internautas. Mas que também levanta muitas dúvidas sobre os seus propósitos.
Uma leitura pela página de Políticas de Privacidade da FaceApp admite, por exemplo, que os proprietários da aplicação usam “ferramentas de análise de terceiros” para “ajudar a medir o tráfego e as tendências de uso do serviço”: “Essas ferramentas recolhem informações enviadas pelo seu dispositivo ou pelo nosso serviço, incluindo as páginas Web visitadas, complementos e outras informações que ajudam a melhorar o serviço“, escreve o Observador.
Segundo a mesma fonte, a aplicação garante que “recolhe e usa essas informações analíticas com informações analíticas de outros utilizadores, de modo a que não possa ser usado para identificar qualquer usuário individual em particular”. Mais à frente ainda acrescenta que quaisquer informações recolhidas não serão partilhadas com outras empresas para lá da FaceApp.
No entanto, logo a seguir, abre exceções: “Podemos partilhar o conteúdo do usuário e as suas informações (incluindo, sem limitação, informações de cookies, log de dados, identificadores de dispositivos, dados de localização e dados de uso) com empresas que são legalmente parte do mesmo grupo de empresas do qual o FaceApp faz parte, ou que se tornem parte desse grupo. Os Afiliados podem usar essas informações para ajudar a fornecer, entender e melhorar o Serviço (inclusivamente fornecendo análises) e os próprios serviços dos Afiliados (inclusivamente fornecendo experiências melhores e mais relevantes)”.
Só que, depois de abrir o leque de possibilidades de empresas que podem receber informação sobre os utilizadores, FaceApp passa a escancará-lo: “Também podemos partilhar certas informações, como dados de cookies, com parceiros de publicidade de terceiros. Essas informações permitiriam que redes de anúncios de terceiros fornecessem, entre outras coisas, anúncios direccionados que acreditam ser de maior interesse para si”.
“Podemos remover partes de dados que podem identificá-lo e compartilhar dados anónimos com outras partes. Também podemos combinar as suas informações com outras informações de modo que elas não sejam associadas a si e partilhar essas informações agregadas”, prossegue o documento, citado pelo Observador.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 920 de 17 de Julho de 2019.