O nosso planeta não deve ser único, dizem cientistas

PorExpresso das Ilhas,24 out 2019 9:47

Muito se tem falado na possível existência da Terra 2.0. Contudo, ainda são apenas algumas teorias e eventuais cenários de conformidade de habitabilidade. Segundo sugere um novo estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles, os planetas parecidos com a Terra podem ser comuns no Universo.

A equipa de astrofísicos e geoquímicos apresenta novas evidências de que a Terra não é única. O estudo foi publicado dia 18 de Outubro na revista Science.

Os cientistas, liderados por Alexandra Doyle, estudante de geoquímica e astroquímica da UCLA, desenvolveram um novo método para analisar em detalhe a geoquímica dos planetas para lá do nosso Sistema Solar. Doyle fê-lo analisando os elementos em rochas de asteróides ou fragmentos de planetas rochosos que orbitavam seis estrelas anãs brancas.

“Acabámos de aumentar a probabilidade de muitos planetas rochosos serem como a Terra e há um número muito grande de planetas rochosos no Universo. Estamos a estudar a geoquímica de rochas de outras estrelas, o que é quase inédito”, referiu o co-autor Edward Young, professor de geoquímica e cosmoquímica da UCLA.

As estrelas anãs brancas são os remanescentes densos de estrelas normais. Assim, a sua forte atracção gravitacional faz com que os elementos pesados como carbono, oxigénio e azoto “afundem” rapidamente nos seus interiores, onde os elementos pesados não podem ser detectados por telescópios. A estrela anã branca mais próxima estudada por Doyle fica a cerca de 200 anos-luz da Terra e a mais distante está a 665 anos-luz.

“Determinar a composição de planetas fora do nosso Sistema Solar é muito difícil. Usámos o único método possível – um método pioneiro – para determinar a geoquímica de rochas para lá do Sistema Solar”, disse a coautora Hilke Schlichting, professora associada de astrofísica e ciência planetária da Universidade de Harvard.

Os dados analisados por Doyle foram recolhidos por telescópios, principalmente pelo Observatório W. M. Keck no Hawaii.

Conforme explicou Young, quando o ferro é oxidado, partilha os seus electrões com o oxigénio, formando uma ligação química. Esse processo é chamado de oxidação e pode ser visto quando o metal se transforma em ferrugem.

“O oxigénio rouba electrões do ferro, produzindo óxido de ferro em vez de ferro. Nós medimos a quantidade de ferro oxidado nestas rochas que atingem a anã branca. Estudámos o quanto o metal enferruja”, explicou Edward Young.

Segundo o professor de geoquímica e cosmoquímica, as rochas da Terra, de Marte e de outras partes do nosso Sistema Solar são semelhantes em composição química e contêm um nível surpreendentemente alto de ferro oxidado.

O Sol é composto principalmente de hidrogénio, que faz o oposto da oxidação – o hidrogénio acrescenta electrões. Os investigadores disseram que a oxidação de um planeta rochoso tem um efeito significativo na atmosfera, no núcleo e no tipo de rochas que produz à superfície.

Até agora, os cientistas não sabiam em detalhe se a química dos exoplanetas rochosos era semelhante ou se era muito diferente da química da Terra. Nesse sentido, quão semelhantes são as rochas que a equipa da UCLA analisou, com as rochas da Terra e de Marte?

“Muito parecidas. São parecidas com as da Terra e com as de Marte em termos de ferro oxidado. Estamos a descobrir que rochas são rochas em toda a parte, com geofísica e geoquímica muito semelhantes. O motivo pelo qual as rochas no nosso Sistema Solar são tão oxidadas sempre foi um mistério. Não é o que seria de esperar. Também queríamos saber se isto seria verdade noutras estrelas. O nosso estudo diz que sim. Isto é muito bom para a procura por planetas parecidos com a Terra no Universo”, disse Doyle.

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Autoria:Expresso das Ilhas,24 out 2019 9:47

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  24 out 2019 9:47

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