A responsável portuguesa daquele órgão comercial que representa os interesses das operadoras de redes móveis em todo o mundo falou à margem do Mobile World Congress em Los Angeles (MWC LA), nos EUA,, que reuniu operadoras de telecomunicações, empresas tecnológicas e intervenientes de Hollywood.
"O 5G vai ser revolucionário na forma como deixa de ser apenas a conectividade e traz todos os outros serviços que podem ser feitos com empresas, com um valor mais acrescentado", afirmou Ana Tavares, referindo que o investimento avultado que é necessário fazer na nova geração será compensado pelas suas características.
"É um investimento grande, mas a tecnologia 5G permite ser mais eficiente, porque tem mais definição por 'software', permitindo poupar custos operacionais", explicou.
"Muitos dos operadores aqui estão a ver também a parte de energia, por exemplo, usar energias renováveis. O 5G permite poupanças que antes não eram possíveis", acrescentou.
A GSMA reúne 750 operadoras móveis em todo o mundo e Ana Tavares lidera a região da América do Norte, que abrange Estados Unidos, Canadá e Caraíbas e representa 100 empresas.
A executiva sublinhou que "os Estados Unidos estão a avançar para o 5G muito mais depressa que qualquer outro país" e citou os números mais recentes da associação, que apontam para que metade (50%) dos utilizadores adira ao 5G até 2025, contra 30% na Europa, que está "a esperar para ver".
No entanto, Ana Tavares indicou que os impulsionadores da nova geração serão os setores empresariais e industriais e não os utilizadores de smartphones pessoais, explicando que "para o consumidor final se calhar até vai ser um bocadinho uma desilusão, no sentido que vai ser mais rápido mas o 4G/LTE já é bastante rápido".
Os utilizadores de aplicações como vídeo e realidade virtual poderão verificar uma aceleração significativa, mas "a grande diferença vai ser para as empresas e a possibilidade de fazerem automatização de fábricas, ter os carros conectados, etc.", acrescentou a responsável. "A parte industrial é uma das áreas em que nós achamos que se vai notar maior diferença", concluiu.
Segundo esta perspectiva, os investimentos das operadoras em 5G serão justificados pelo apetite entre as empresas, já que entre os utilizadores finais "ninguém quer pagar mais para ter uma internet mais rápida".
As empresas, por outro lado, "vão conseguir aumentar a eficiência, reduzir os custos, e haverá oportunidade de maiores receitas" para as operadoras.
Um dos novos modelos de negócio que estão a surgir associados à nova geração e à Internet das Coisas é o dos "Sensores-como-serviço", exemplificou a responsável, detalhando que as empresas não querem lidar com os sensores nem dispositivos, mas estão interessadas na sua implementação.
"Os operadores têm essa oportunidade de fazer toda a gestão de sensores e dispositivos para uma empresa e só entregar o serviço de que ela precisa", frisou.
Ana Tavares referiu ainda que há empresas a pensarem em criar as suas próprias redes privadas de nova geração, uma tendência de que se fala nos Estados Unidos e nalguns países europeus e que pode incluir parcerias com as operadoras móveis.
O MWC LA 2019 recebeu cerca de 22 mil pessoas de 100 países e marcou o terceiro ano em que a GSMA e a CTIA (associação que representa a indústria 'wireless' norte-americana) organizaram o evento, que tem em Barcelona a sua maior edição.