"O projecto surge como resposta a uma quantidade avassaladora de informação científica que tinha necessidade de ser revista e entregue de forma rápida aos profissionais de saúde para que eles pudessem actuar de forma mais baseada em evidência possível", afirmou hoje, em declarações à Lusa, Eduardo Freire Rodrigues, médico e co-fundador da 'startup' UpHill.
O projecto, intitulado 'COVID19PT-Ciência' e desenvolvido em colaboração com a Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e a Evidentia Médica, reúne já mais de 150 artigos científicos e 10 casos clínicos interactivos.
Por se tornar difícil "distinguir o trigo do joio", a equipa de 20 médicos que integra o projecto tem vindo a seleccionar, rever e comentar os artigos científicos que, todos os dias, são publicados sobre o novo coronavírus.
"A nossa equipa produz uma selecção e um resumo para que os colegas que estão na linha da frente possam actuar da melhor forma com os doentes e terem melhores resultados para o tratamento da covid-19", realçou o clínico, adiantando que os critérios assentam sobretudo na viralidade do conteúdo científico e qualidade do mesmo.
De acordo com Eduardo Freire Rodrigues, tal revisão científica era "essencial", uma vez que muitos profissionais de saúde foram "colocados em posições de algum desconhecimento e desconforto".
Nesse sentido, além de poderem consultar a informação de base científica, os profissionais de saúde podem também "simular a prática clínica".
"Temos um conjunto de 10 casos para providenciar cenários de simulação, por exemplo, com doentes que estão em ambulatório, internados, nos cuidados intensivos ou até grávidas com covid-19. Depois de simularem, os profissionais recebem um relatório por forma a perceberem o que fizeram bem ou mal, tendo em conta as orientações da Direcção-Geral da Saúde e outras autoridades de saúde", explicou.
Eduardo Freire Rodrigues afirmou ainda que esta aproximação do conhecimento científico à prática clínica, vai permitir que os profissionais de saúde "dediquem muito pouco tempo à actualização, mas que essa actualização seja muito eficiente".
"No fundo, que os profissionais consigam trazer à prática clínica aquilo que são as melhores práticas conhecidas no panorama nacional", concluiu.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 257 mil mortos e infectou quase 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.