O prémio Nobel da Medicina deste ano foi atribuído aos virologistas Harvey J. Alter, Charles M. Rice e Michael Houghton pela descoberta do vírus da hepatite C., anunciou o Comité dos Prémios Nobel. Os vencedores vão dividir o prémio, no valor de 10 milhões de coroas suecas — cerca de 955 mil euros.
O virologista norte-americano Harvey J. Alter, 85 anos, investigador dos U.S. National Institutes of Health, em Bethesda, realizou estudos sobre hepatite associada a transfusões de sangue que demonstraram que um vírus desconhecido era uma causa comum de hepatite crónica.
O virologista britânico Michael Houghton, investigador da Universidade de Alberta, no Canadá, usou uma estratégia experimental para isolar o genoma do novo vírus, baptizado de vírus da hepatite C.
Finalmente, o virologista norte-americano Charles M. Rice, 68 anos, investigador da Rockefeller University de Nova Iorque, apresentou evidências derradeiras que provaram que este vírus conseguia, sozinho, provocar a doença.
“Graças a esta descoberta, há agora testes de sangue altamente sensíveis, que permitiram eliminar a necessidade de transfusões de sangue em muitas partes do planeta, melhorando significativamente a saúde global, declarou o secretário do Comité do Nobel, Thomas Perlmann, citado pela AP.
“A descoberta permitiu também desenvolver drogas anti-virais dirigidas à hepatite-C. Pela primeira vez na história, a doença pode agora ser curada, criando esperança de erradicação do vírus da hepatite-C na população mundial, acrescentou Perlmann.
A hepatite C é uma inflamação do fígado que, quando crónica, pode conduzir à cirrose, insuficiência hepática e cancro. Apenas 25 a 30% dos infectados apresentam, numa fase aguda, sintomas da doença, que se podem manifestar entre outros, por cansaço, perda temporária ou completa da sensibilidade e do movimento, queixas gastrointestinais, intolerância ao álcool. A icterícia é o sintoma mais específico.
Muitas vezes os sintomas não são claros, podendo ser semelhantes aos de uma gripe. O portador do vírus da hepatite C, que se transmite principalmente por via sanguínea, pode mesmo não ter qualquer sintoma, sentir-se saudável e, no entanto, estar a desenvolver uma cirrose ou um cancro hepático.
Este é o primeiro Nobel a ser anunciado em 2020. Seguem-se, nos próximos dias, os Prémios Nobel da Física, Química, Literatura, Paz e Economia.