Emcomunicado, a equipa explica que em causa está um mecanismo que envolve todas as células cancerígenas e que tem por base um mecanismo de sobrevivência evolutivo antigo.
A equipa descobriu que, quando face a uma ameaça,todas as células cancerígenastêm a capacidade defazer uma transição para um estado protector, onde as células conseguem descansar até que a ameaça, ou a quimioterapia, desapareça.
“O tumor está a agir como um organismo inteiro, capaz de entrar num estado de divisão lenta, conservando energia para ajudá-lo a sobreviver. Existem exemplos de animais que entram num estado reversível e de divisão lenta para resistir a ambientes agressivos”, explicou o professor associado do Departamento de Cirurgia da Universidade de Toronto, O’Brien, que é também co-autor da nova investigação, citado pelo zap.aeiou.pt.
“Parece que ascélulas cancerígenas cooperam engenhosamenteeste mesmo estado para o seu próprio benefício de sobrevivência”, sustentou.
De acordo com a nova investigação, cujos resultados foram recentementepublicadosna revista científicaCell, este é o primeiro estudo a identificar células cancerígenas a roubar um mecanismo evolutivo antigo para sobreviver à quimioterapia.
Os cientistas mostraram também nesta investigação que as novas estratégias terapêuticas destinadas aatingir especificamente células cancerígenasneste estado de “dormência”podem prevenir o crescimento do cancro.
São como ursos em hibernação
Na prática, a nova investigação mostra que estas células tem a capacidade de hibernar, tal como os ursos no inverno, sintetizou o diretor e cientista sénior do Princess Margaret Cancer Centre,Aaron Schimmer, que também esteve envolvido no estudo.
“Na verdade, nunca soubemos que as células cancerígenas eram como os ursos em hibernação. Este estudomostra como direcionar estes ursos adormecidospara que não hibernem e acordem mais tarde de forma inesperada”, afirmou.
“Acredito que este mecanismo será uma causa importante no que respeita à resistência a medicamentos e explicará algo sobre o qual não tínhamos ainda um bom conhecimento”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 998 de 13 de Janeiro de 2021.