Uma das decisões que o organismo de supervisão ordenou agora à rede social que reverta, é o de uma brasileira que viu uma publicação sobre cancro mamário no Instagram, rede social também controlada pelo Facebook, ser retirada por incluir imagens de mamilos femininos.
Segundo o Conselho, deve ser aberta uma exceção à exibição de mamilos no caso de o propósito da publicação ser a consciencialização para o cancro mamário. As decisões do organismo de supervisão, criado em outubro de 2020, são vinculativas, pelo que a rede social terá de acatá-las.
Uma publicação com uma citação erradamente atribuída a Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazi, será resposta depois de se ter verificado que o autor pretendia compará-la com a postura da administração do ex-presidente norte-americano, Donald Trump.
Revertida foi também a decisão de excluir imagens de uma criança síria morta, que havia sido partilhada por um utilizador da Birmânia, e denunciada como incitação à violência.
Uma quarta publicação reposta foi a de um utilizador francês que defendeu o uso da hidroxicloroquina no tratamento de covid-19, algo que muitos médicos contestam.
Segundo o Conselho, não foram infringidas regras de desinformação, dado que a publicação não causava perigo iminente.
A única decisão da rede social que mereceu concordância do Conselho foi a de retirar uma publicação, durante os conflitos de 2020 em Nagorno-Karabakh entre o Azerbaijão e a Arménia, em que era usado um termo insultuoso para os azeris.
O órgão de supervisão da rede social com mais utilizadores no mundo não decidiu ainda sobre o principal caso que tem em mãos, o de suspensão por tempo indeterminado da conta do ex-presidente Donald Trump.
Na quinta-feira, o co-presidente do organismo, Michael McConnell, afirmou que a análise do caso já começou, mas que está "numa fase extremamente inicial".
O encerramento da conta de Trump foi decidido na sequência da invasão do Capitólio, a 06 de Janeiro por apoiantes do ex-presidente, na altura em que era confirmada a vitória eleitoral de Joe Biden, que os invasores consideravam fraudulenta.
O trabalho do órgão de supervisão do Facebook tem sido recebido com cepticismo, dado o nível de desinformação e extremismo que as publicações na rede social atingiram.
Gautam Hans, perito da Vanderbilt University em liberdades civis e propriedade intelectual, afirmou à AP que o Conselho "não pode fazer muito, apenas escolhe uma pequena percentagem de casos potenciais para consertar uma empresa que tem tantos problemas sistémicos".
"Na minha opinião, estes problemas são irresolúveis", disse o académico.
Desde que o Conselho foi lançado em Outubro de 2020, cerca de 150 mil queixas foram apresentadas, estando a ser dada prioridade à análise dos casos que têm o potencial de afectar mais utilizadores em todo o mundo.