O cancro da próstata é a segunda principal causa de morte por cancro em homens no mundo desenvolvido. Neste sentido, os médicos procuram ferramentas diagnósticas não invasivas, precisas e confiáveis de modo a diferenciar os estágios iniciais da doença, que são menos perigosos e mais facilmente tratáveis.
Os exames de sangue padrão para detecção precoce, como o teste do antígeno específico da próstata (PSA), muitas vezes não detectam a doença em homens cujos níveis de PSA estão dentro dos níveis normais ou possuem tumores clinicamente insignificantes.
Num estudo, que foi publicado no PLOS ONE a 17 de Fevereiro, os investigadores levaram dois cães a farejar amostras de urina de homens com diagnóstico de cancro da próstata de alto grau e de outros sem a doença.
Os especialistas treinaram os animais para que estes respondessem a produtos químicos relacionados ao cancro – conhecidos como compostos orgânicos voláteis (VOCs).
“Além do PSA, outros métodos para detectar o cancro de próstata usam um analisador molecular chamado cromatografia gasosa-espectrómetro de massa [GC-MS] para encontrar VOCs específicos ou traçar o perfil de uma população bacteriana numa amostra de urina, mas estes têm limitações”, referiu Alan Partin, urologista-chefe do Hospital Johns Hopkins, citado pelo zap.aeiou.pt.
A médica explica que a equipa ficou “a pensar se o facto de os cães detectarem os produtos químicos, combinado com a análise por GC-MS, com o perfil bacteriano e uma rede neural de inteligência artificial (IA) treinada para estimular a capacidade de detecção do cancro canino, poderia melhorar significativamente o diagnóstico de cancro da próstata de alto grau”.
A análise de IA ajudou os investigadores a filtrar os mais de 1.000 compostos orgânicos voláteis presentes numa amostra típica de urina, avança o Futurity.
A equipa concluiu que os cães desempenharam bem os papéis de deteção de cancro. Os animais identificaram cinco das sete amostras de urina de homens com cancro, o que significa uma precisão de 71,4%.
Em 2019, um estudo também mostrou que que os cães podem usar o seu olfato altamente evoluído para identificar amostras de sangue de pessoas com cancro, com quase 97% de precisão.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1008 de 24 de Março de 2021.