“Idealizamos expressar uma parte da proteína da Spike numa bactéria, administrá-la como probiótico e estimular uma resposta imunitária capaz de fazer frente à infecção provocada pelo SARS-CoV-2”, declarou Isabel Gordo, investigadora do IGC ao portal Gulbenkian Ciência.
Os investigadores do ITQB NOVA, Adriano Henriques e Mónica Serrano, explicam que os esporos formados por certas bactérias são capazes de sobreviver quando expostos a condições físicas e químicas extremas.
“Tínhamos de garantir isso para a bactéria ser administrada por via oral e chegar intacta aos intestinos, onde vai actuar e estimular o sistema imunitário”, explana o investigador, acrescentando que as propriedades de resistência dos esporos são também uma vantagem para o seu armazenamento e transporte, que não requerem uma rede de frio.
Em conjunto, os investigadores dos dois institutos produziram uma bactéria recombinante que produz esporos com uma parte da proteína Spike do vírus SARS-CoV-2 à sua superfície.
A parte da proteína Spike em questão é responsável pela ligação do vírus ao hospedeiro e também aquela que pode desencadear uma resposta imunitária protectora.
“Os resultados dos primeiros ensaios são muito promissores e levam-nos a avançar para a fase seguinte, em que vamos avaliar a quantidade necessária de esporos a administrar ao hospedeiro, para garantir a resposta adequada, e testá-la num modelo animal exposto ao vírus para aferir a capacidade de responder à doença”, explica Isabel Gordo.
A grande vantagem desta solução é que a “produção em elevados números é extremamente fácil, os custos são reduzidos e é facilmente modificada a estrutura da Spike introduzida, uma vantagem quando temos mutações do vírus a emergir e é preciso ajustar as vacinas” acrescenta Isabel.
Na última etapa do projecto é necessário testar a capacidade desta vacina em ambiente laboratorial protegido, uma vez que é realizada com o vírus SARS-CoV-2 activo.