Vacina oral contra SARS-CoV-2 usa bactérias para induzir anticorpos

PorExpresso das Ilhas,1 jul 2021 15:15

Bactérias que apresentam à sua superfície proteínas do vírus SARS-CoV-2 são a base de uma potencial vacina oral que está a ser estudada por investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier da Universidade NOVA de Lisboa (ITQB NOVA), num esforço conjunto para encontrar mais ferramentas que travem a actual pandemia. A segunda fase do estudo irá avaliar a qualidade da resposta do sistema imunitário e o poder de protecção à infecção conferido ao organismo após a toma desta vacina.

“Idealizamos expressar uma parte da proteína da Spike numa bactéria, administrá-la como probiótico e estimular uma resposta imunitária capaz de fazer frente à infecção provocada pelo SARS-CoV-2”, declarou Isabel Gordo, investigadora do IGC ao portal Gulbenkian Ciência.

Os investigadores do ITQB NOVA, Adriano Henriques e Mónica Serrano, explicam que os esporos formados por certas bactérias são capazes de sobreviver quando expostos a condições físicas e químicas extremas.

“Tínhamos de garantir isso para a bactéria ser administrada por via oral e chegar intacta aos intestinos, onde vai actuar e estimular o sistema imunitário”, explana o investigador, acrescentando que as propriedades de resistência dos esporos são também uma vantagem para o seu armazenamento e transporte, que não requerem uma rede de frio.

Em conjunto, os investigadores dos dois institutos produziram uma bactéria recombinante que produz esporos com uma parte da proteína Spike do vírus SARS-CoV-2 à sua superfície.

A parte da proteína Spike em questão é responsável pela ligação do vírus ao hospedeiro e também aquela que pode desencadear uma resposta imunitária protectora.

“Os resultados dos primeiros ensaios são muito promissores e levam-nos a avançar para a fase seguinte, em que vamos avaliar a quantidade necessária de esporos a administrar ao hospedeiro, para garantir a resposta adequada, e testá-la num modelo animal exposto ao vírus para aferir a capacidade de responder à doença”, explica Isabel Gordo.

A grande vantagem desta solução é que a “produção em elevados números é extremamente fácil, os custos são reduzidos e é facilmente modificada a estrutura da Spike introduzida, uma vantagem quando temos mutações do vírus a emergir e é preciso ajustar as vacinas” acrescenta Isabel.

Na última etapa do projecto é necessário testar a capacidade desta vacina em ambiente laboratorial protegido, uma vez que é realizada com o vírus SARS-CoV-2 activo.

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Autoria:Expresso das Ilhas,1 jul 2021 15:15

Editado porAndre Amaral  em  1 jul 2021 19:33

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