Depois da covid-19 e da gripe, a Moderna prepara-se para testar a tecnologia de mRNA numa vacina contra o HIV, uma aposta que é vista pelos cientistas como a melhor esperança para derrotar o vírus de forma permanente.
De acordo com as informações que constam do registo do ensaio clínico, a farmacêutica iniciou os ensaios clínicos relativos à segurança da vacina, tendo usado as mesmas bases da vacina contra a covid-19, assim como à resposta imunitária gerada num grupo pequeno de voluntários – cerca de 56.
Os mais recentes esforços da Moderna para desenvolver uma vacina contra o HIV foram anunciados em Abril e resultam de uma parceria com a International AIDS Vaccine Initiative (IAVI) e a Bill and Melinda Gates Foundation. Na altura, a farmacêutica revelou que iriam ser testadas duas potenciais candidatas, com os nomes de mRNA-1644 e mRNA-1574.
De acordo com o site Gizmodo, existem actualmente antivirais que conseguem erradicar a maior parte dos sinais da presença do vírus nas pessoas infectadas – sendo também possível impedir as pessoas expostas de serem infectadas.
Ainda assim, o vírus dispõe de mecanismos para contornar estas defesas e, assim, espalhar-se pelo corpo. Nestes mecanismos inclui-se a capacidade de o vírus mutar partes da sua estrutura, o que dificulta a tarefa dos anticorpos produzidos pelo sistema imunitário em reconhecê-lo.
Durante décadas, soube-se que algumas pessoas conseguiam produzir anticorpos capazes de neutralizar com grande eficácia o VIH nas suas múltiplas estirpes. Estes anticorpos concentram-se em partes estáveis do vírus que, regra geral, não sofrem grandes alterações, o que lhes permite permanecer eficazes.
Como tal, esta é uma estratégia frequentemente usada para o desenvolvimento de vacinas contra o HIV – nas quais o sistema imunitário é induzido a produzir estes anticorpos de forma independente, tal como algumas pessoas conseguem fazer. No entanto, todas as tentativas feitas neste sentido foram infrutíferas.
Agora, noticia o site zap.aeiou.pt, a Moderna acredita que a sua plataforma de vacinas, juntamente com a nova tecnologia mRNA, pode interagir melhor com o sistema imunitário para lhe solicitar a produção de anticorpos.
A Moderna já fez saber, segundo a mesma fonte, que planeia iniciar três ensaios clínicos com formulações candidatas à vacina contra a o HIV. No entanto, mesmo que estes sejam bem-sucedidos é provável que se demore anos até que uma vacina bem-sucedida chegue ao público. O actual estudo da Moderna, actualmente na primeira fase, só deverá terminar em 2023.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1031 de 1 de Setembro de 2021.