A cor azul é a mais rara na natureza. Cientistas já sabem porquê

PorExpresso das Ilhas,21 set 2021 7:28

O azul é a cor mais rara na natureza. Agora, uma equipa de cientistas descobriu que a razão por trás disso se prende com a química e a física.

Tendo em conta o imenso céu azul ou o interminável oceano azul, pode-se pensar que a cor azul é comum na natureza. Mas é a mais escassa.

De todas as tonalidades encontradas nas rochas, plantas e flores, penas e escamas de animais, o azul é a cor mais difícil de encontrar.

Mas porque é que a cor azul é tão rara? A resposta está ligada com a química e a física de como as cores são produzidas — e de como as vemos.

Os seres humanos apenas detectam a cor azul porque cada um dos nossos olhos contém entre 6 a 7 milhões de células sensíveis à luz chamadas cones.

Nos olhos de cada pessoa com uma visão de cor dita normal existem três tipos diferentes de cones — e cada tipo é mais sensível a um determinado comprimento de onda de luz: vermelho, verde ou azul.

A informação de milhões de cones chega ao nosso cérebro através de sinais elétricos que comunicam todos os tipos de luz que são reflectidos pelas coisas que estamos a ver, o que é então interpretado como diferentes tonalidades de cor.

Quando olhamos para um objecto colorido, como uma safira cintilante, “o objecto está a absorver alguma da luz branca que cai sobre si. Como absorve alguma dessa luz, o resto da luz que é refletida tem uma cor“, explica o escritor científico Kai Kupferschmidt, autor de “Blue: In Search of Nature’s Rarest Color”, em declarações ao Live Science.

“Quando se vê uma flor azul — por exemplo, uma centáurea — vê-se a cor azul porque a flor absorve a parte vermelha do espetro”, continua Kupferschmidt, citado pelo zap.aeiou.pt.

Isto significa que a flor é azul porque essa cor é a parte do espetro que rejeitou.

No espectro visível, o vermelho tem longos comprimentos de onda, ou seja, tem muito pouca energia em comparação com outras cores. Para uma flor parecer azul, “precisa de ser capaz de produzir uma molécula que possa absorver quantidades muito pequenas de energia “, para absorver a parte vermelha do espetro, diz ainda Kupferschmidt, citado pela mesma fonte.

Gerar tais moléculas — que são grandes e complexas — é difícil para as plantas, razão pela qual as flores azuis são produzidas por menos de 10% das quase 300 mil espécies de plantas com flor no mundo.

Um possível motor da evolução das flores azuis é que o azul é altamente visível para polinizadores como as abelhas, e a produção de flores azuis pode beneficiar plantas em ecossistemas onde a competição por polinizadores é elevada, disse à ABC Adrian Dyer, professor associado e cientista no Royal Melbourne Institute of Technology em Melbourne, na Austrália.

Quanto aos minerais, as suas estruturas cristalinas interagem com os iões para determinar que partes do espectro são absorvidas e quais são refletidas.

A lazulita, que é extraída no Afeganistão e produz o raro pigmento azul ultramarino, contém iões trissulfuretos — três átomos de enxofre unidos dentro de uma malha de cristal — que podem libertar ou ligar um único eletrão.

“Essa diferença energética é o que faz o azul”, diz Kupferschmidt.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1033 de 15 de Setembro de 2021. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,21 set 2021 7:28

Editado porAndre Amaral  em  21 set 2021 7:28

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