O tukdam – um estado mental “meio-morto” dos monges budistas – é o novo fascínio da ciência

PorExpresso das Ilhas,23 out 2021 8:09

Os monges budistas conseguem chegar a um estado de meditação tão profunda que não é detectada qualquer actividade cerebral.

No Budismo no Tibete, há um conceito mítico conhecido como “thukdam” ou “tukdam”. Acredita-se que este é o estado de mente em que um meditador experiente consegue chegar que é comparável ao que acontece na altura da morte.

É como se o cérebro estivesse “morto”, sem conseguir registar impressões sensoriais. No entanto, ainda há uns flashes de consciência restantes no corpo. O domínio do tukdam pode também ajudar um meditador a prolongar o processo da morte, escreve o IFLScience, citado pelo site zap.aeiou.pt.

Depois de entrar neste estado, uma pessoa pode ser declarada como morta, mas o corpo vai continuar sentado e a sua pele vai continuar normal.

Este fenómeno tem fascinado numerosos neurocientistas, médicos, psicólogos, antropólogos e filósofos nos últimos anos e muitos estão a tentar perceber como funciona.

Foi neste sentido que uma equipa multidisciplinar do Centro para as Mentes Saudáveis da Universidade do Wisconsin-Madison publicou o primeiro estudo revisto por pares sobre este estado mental.

A investigação foi publicada na Frontiers in Psychology em Janeiro. Os cientistas compararam a actividade cerebral de 14 meditadores experientes com a de outros 13 que recentemente faleceram depois de terem entrado no estado de tukdam.

Não foi detectada nenhuma actividade cerebral nos 13 monges mortos, mas os cientistas ressalvam que a análise mais próxima da hora da morte que fizeram foi já 26 horas depois do falecimento. Já a crença de que os seus corpos continuam como se estivessem vivos depois de morrerem continua sem ser confirmada.

Mesmo assim, os investigadores continuam animados com os resultados – especialmente por este ser um fenómeno ainda pouco estudado na medicina Ocidental, que encara a morte como um estado binário que ou já aconteceu, ou ainda não.

“Na medicina Ocidental, a morte é conceptualizada num estado binário – ou estamos vivos num momento ou mortos no outro. Mas os processos biológicos não funcionam numa maneira on-off tão simple.”, refere Richard Davidson, autor do estudo mais recente, citado pela mesma fonte.

Mas este paradigma parece estar a mudar. Um outro estudo publicado na New England Journal of Medicine este ano concluiu que o coração pode parar e voltar a bater várias vezes durante a morte antes de parar de vez.

Os cientistas chegaram a esta conclusão depois de analisarem ao detalhe os sinais vitais de mais de 600 pacientes com doenças graves quando estes foram desligadas as máquinas que os mantinham vivos.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1038 de 20 de Outubro de 2021. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,23 out 2021 8:09

Editado porSara Almeida  em  23 out 2021 8:10

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