Embora não se saiba com precisão quando é que o fármaco estará acessível ao público, o medicamento - designado molnupiravir - demonstrou eficácia assinalável na redução do risco de hospitalização nos estudos clínicos efectuados. Segundo os resultados preliminares anunciados pela companhia no mês passado e que carecem ainda de revisão por cientistas externos, a toma do medicamento reduziu para metade hospitalizações e óbitos entre doentes numa fase precoce dos sintomas de covid-19.
O molnupiravir destina-se a ser tomado duas vezes por dia durante cinco dias por pessoas que estejam em casa com covid-19 ligeira a moderada e que tenham pelo menos um factor de risco de poder desenvolver doença grave. Por enquanto, a Merck não avançou detalhes sobre potenciais efeitos secundários, assegurando apenas que a sua ocorrência foi similar entre as pessoas que receberam o medicamento e as que receberam placebos.
A acção do molnupiravir visa uma enzima que o SARS-CoV-2 usa para se reproduzir, inserindo erros no seu código genético que retardam a capacidade de se espalhar e apoderar-se de células humanas. Essa actividade genética levou peritos independentes a questionar se o fármaco poderia eventualmente causar mutações conducentes a defeitos de nascença ou tumores, mas a Merck frisou que o fármaco é seguro quando utilizado segundo as instruções.
De acordo com os especialistas, um comprimido antiviral que reduz sintomas e acelera a recuperação pode revelar-se essencial no combate à pandemia, ao aliviar a sobrecarga dos hospitais e ajudar a travar surtos em países mais pobres e com sistemas de saúde frágeis.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1041 de 10 de Novembro de 2021.