O zika, a malária ou a dengue podem ter os dias contados. Nova super-vacina promete combater doenças transmitidas por mosquitos

PorExpresso das Ilhas,15 dez 2021 7:37

A vacina actua ao imitar certas proteínas na saliva dos mosquitos que nos deixam mais susceptíveis a ficar doentes. O método está também a ser usado para o combate à doença de Lyme ou à leishmaniose.

Já foi testada em humanos e ficou comprovado que é segura. Uma nova super-vacina criada com o objectivo de nos proteger contra todas as doenças transmitidas por mosquitos está a mostrar resultados promissores.

A vacina muda a forma como o nosso sistema imunitário responde às picadas e tudo indica que pode reduzir as infecções pelo vírus zika. Concluiu-se também que os mosquitos que picam pessoas vacinadas põem menos ovos.

Quando um mosquito nos pica, segrega saliva que contém uma mistura de proteínas complexa que não só impede a coagulação sanguínea, mas também muda a nossa resposta imunitária de forma a tornar-nos mais susceptíveis às doenças, escreve a New Scientist, citada pelo site zap.aeiou.pt.

Juntamente com investigadores do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, Olga Pleguezuelas, investigadora de uma das empresas que está a trabalhar no desenvolvimento na vacina, desenvolveu uma vacina que contém proteínas sintéticas equivalentes a certas partes das proteínas presentes na saliva dos mosquitos.

Além do zika, a dengue, a febre amarela, a malária, a febre do Nilo Ocidental e o vírus chikungunya estão também na mira da vacina, que pode ser mais eficaz quando combinada com outras vacinas dirigidas especificamente a cada uma destas doenças, apesar de algumas destas ainda não terem uma imunização própria.

Uma versão da vacina com quatro proteínas tinha sido testada em humanos este ano, mas além de comprovar que era segura, mais nada mostrou. No entanto, a equipa avançou com novos testes, desta vez com uma proteína extra.

Além disto, desta vez os mosquitos puderam picar alguns dos voluntários semanas depois de terem sido vacinados. Os investigadores descobriram depois que os mosquitos que picaram as pessoas vacinadas morreram mais rápido e puseram menos ovos.

A equipa tentou depois recriar em laboratório o processo que estava a acontecer durante a picada ao expor amostras dos voluntários ao vírus zika. Nas amostras dos vacinados, houve uma redução no número de células que o vírus infectou.

“Apesar de não estarmos a atacar o patogénio directamente, o nosso sistema imunitário reconhece a saliva na forma como o estamos a treinar para fazer e isso cria um ambiente hostil para o vírus“, afirma Pleguezuelos, citada pela mesma fonte.

Ainda não há certezas sobre se este método vai reduzir significativamente as infecções fora de laboratório, sendo o próximo passo avançar com mais testes em que os voluntários são deliberadamente infectados com mosquitos que transmitem as doenças.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1045 de 8 de Dezembro de 2021.

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Autoria:Expresso das Ilhas,15 dez 2021 7:37

Editado porSara Almeida  em  15 dez 2021 7:37

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