As cataratas afectam a maioria dos idosos com risco de demência. Visão turva, diminuição da visão nocturna e sensibilidade à luz são alguns dos sintomas iniciais, que se podem agravar com o tempo.
Cientistas estão agora a encontrar fortes evidências de que a operação às cataratas está associada a um risco menor de desenvolver demência.
Um novo estudo envolveu mais 5 mil participantes com idade superior a 65 anos. Os autores descobriram, de acordo com o site zap.aeiou.pt, que os voluntários que se submeteram a uma cirurgia às cataratas tinham quase 30% menos risco de desenvolver demência por qualquer causa em comparação com aqueles que não fizeram a operação.
Mais especificamente, a operação às cataratas também foi associada a um menor risco de demência da doença de Alzheimer.
O baixo risco de demência permaneceu nos pacientes durante, pelo menos, uma década, escreve o portal Medical Xpress.
“Este tipo de evidência é o melhor que existe em epidemiologia”, disse a autora do estudo Cecilia Lee. “Isto é mesmo emocionante porque nenhuma outra intervenção médica mostrou uma associação tão forte com a redução do risco de demência em indivíduos mais velhos”.
Os investigadores não determinaram os mecanismos pelos quais a operação às cataratas ajudou a reduzir o risco de demência em idosos.
Sem explicação certa, os autores sugerem que os pacientes podem estar a receber informações sensoriais de melhor qualidade após a cirurgia às cataratas, o que pode ter um efeito benéfico na redução do risco de demência.
Lee disse que outra hipótese é que após a operação, as pessoas estão a receber mais luz azul.
“Algumas células especiais na retina estão associadas à cognição e regulam os ciclos do sono, e essas células respondem bem à luz azul”, disse a especialista. “As cataratas bloqueiam especificamente a luz azul, e a cirurgia às cataratas poderia reativar essas células”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1046 de 15 de Dezembro de 2021.