Segundo a SciTechDaily, uma molécula que pode prevenir a doença de Parkinson foi aperfeiçoada por cientistas da Universidade de Bath, e tem potencial de se tornar um medicamento eficaz no tratamento desta doença neurodegenerativa incurável.
De acordo com Jody Mason, professor que liderou a investigação do Departamento de Biologia e Bioquímica, citado pelo site zap.aeiou.pt, “ainda há muito trabalho a fazer, mas esta molécula tem o potencial de ser precursora de um fármaco”.
“Hoje só existem medicamentos para tratar os sintomas de Parkinson. Esperamos desenvolver um medicamento que possa devolver a saúde às pessoas, mesmo antes de os sintomas se desenvolverem”, acrescentou o docente, citado pela mesma fonte.
A doença de Parkinson é caracterizada pela proteína alfa-sinucleína (αS) em células humanas “desorganizadas”, abundante em todos os cérebros humanos.
Depois de se “desdobrar”, acumula-se em grandes massas, conhecidas como corpos de Lewy. Estas massas consistem em αS agregados que são tóxicos para as células cerebrais produtoras de dopamina, provocando a sua morte.
É esta queda na dopamina que desencadeia os sintomas de Parkinson, à medida que os sinais transmitidos do cérebro para o corpo se tornam ruidosos, levando aos tremores característicos vistos nos doentes.
Os cientistas já analisaram um vasto conjunto de peptídeos, cadeias curtas de aminoácidos que são os blocos de construção das proteínas, para encontrar o melhor candidato que previna o agregado de αS.
Dos 209.952 peptídeos analisados em estudos anteriores, o peptídeo 4554W mostrou ser o mais promissor, inibindo o αS de se agregar em experiências de laboratório, tanto em soluções como em células vivas.
No mais recente estudo, publicado a 3 de Dezembro na Science Direct, o mesmo grupo de cientistas aperfeiçoou o peptídeo 4554W para otimizar a sua função.
A nova versão da molécula, 4654W(N6A), contém duas modificações na sequência amino-ácida parental, e provou ser significativamente mais eficaz do que a sua predecessora na redução da agregação e toxicidade de αS.
No entanto, ainda que a molécula modificada continue a ter sucesso em experiências de laboratório, a cura para a doença ainda está a muitos anos de distância.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1049 de 5 de Janeiro de 2021.