Maio Biodiversidade realiza estudo sobre impacto do macroplástico na cadeia alimentar da tartaruga caretta-caretta

PorExpresso das Ilhas,18 jan 2022 15:07

A Fundação Maio Biodiversidade (FMB) apresentou na revista internacional “African Sea Turtle”, um estudo sobre o impacto da ingestão de macroplástico na cadeia alimentar da tartaruga caretta-caretta em Cabo Verde e manifesta a sua preocupação com este fenómeno.

Segundo um estudo realizado por Juan Patino Martinez, da FMB, em 2020, Cabo Verde hospeda uma das maiores subpopulações reprodutoras de tartaruga do mundo, identificada como um estoque genético separado ameaçado de extinção, devido aos efeitos do desenvolvimento humano sobre o seu habitat nos últimos 50 anos. Porém, as ameaças oriundas das zonas de migração ou alimentação são praticamente desconhecidas, 

Neste sentido, a FMB realizou um estudo, que teve como objectivo averiguar, pela primeira vez, a ingestão do macroplástico pelas fêmeas nidificantes na ilha do Maio, que acolhe uma proporção importante desta subpopulação.

Conforme explicou à Inforpress Jairson da Veiga, um dos autores deste estudo, durante o pico da época de desova da tartaruga comum, é frequente a morte natural ou acidental das fêmeas que se desorientam e ficam presas em buracos, lamas ou rochas da praia.

Assim sendo, aproveitaram esta situação para fazerem a abertura do trato digestivo das fêmeas mortas para recolher algumas informações importantes, uma das quais a ingestão dos plásticos marinhos.

“Entre Julho e Setembro de 2021 foram dissecados os estômagos de nove fêmeas cabeçudas encontradas mortas acidentalmente por desorientação nas seis praias diferentes da ilha, sendo que seis continham macroplástico encravados”, indicou, salientando que isso torna-se preocupante, mas que ainda carece de mais estudos.

Jairson da Veiga precisou que os pedaços de plásticos encontrados no estômago das tartarugas foram classificados em cinco categorias de uso ou origem, quais sejam hospitalar, doméstico, industrial, bem como da pescaria e aquacultura.

O ambientalista realçou também que cerca de 83 %, das fêmeas tinham macroplásticos de uso doméstico e pescaria simultaneamente, que variava em pequenos pedaços de sacos plástico, copos e cordas de rede de pesca e as restantes continham pedaços de boias da aquacultura.

Veiga disse ainda que é possível que haja mais quantidade de plásticos noutras partes do trato gastrointestinal não avaliados, pois outros estudos realizados por outros autores informam que a maior proporção de macroplásticos tem sido registada nos intestinos das tartarugas marinhas.

“Abre-se aqui uma nova janela da necessidade urgente de estudos mais aprofundados que avaliem os possíveis efeitos da poluição por plástico na área de alimentação sobre o estado de saúde e a viabilidade dessa subpopulação em perigo de extinção”, frisou.

Jairson da Veiga destacou que existe pouco conhecimento das áreas da alimentação ou migração da tartaruga cabeçuda do Atlântico Nordeste, admitindo que provavelmente estão contaminadas com plástico marinho e este pode ser um factor adicional de preocupação, que pode resultar em possíveis efeitos letais e subletais para os indivíduos.

Dados divulgados pelos vários estudos apontam que o plástico tem sido considerado uma ameaça de fronteira planetária, passando neste momento a produção global anual total de 1,5 milhão, para 299 milhões de toneladas. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,18 jan 2022 15:07

Editado porA Redacção  em  18 jan 2022 15:07

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