Algures nos nossos intestinos é provável que estejam bactérias a ter “sexo” em nome da sua sobrevivência. Estes micróbios sorrateiros nas nossas tripas fazem-no com regularidade para poderem trocar informações sobre como sobreviver a doses fatais de antibióticos, nota o site zap.aeiou.pt, citando o Science Alert.
As bactérias não têm genitais, pelo que não podem ter relações sexuais como as conhecemos, mas tecnicamente em biologia, o termo “sexo” pode ser aplicado a qualquer processo que envolva a troca de material genético.
Ao formarem uma “união temporária” com outras bactérias, estes micróbios podem transferir os seus genes de uns para os outros, mesmo que não sejam da mesma espécie. Para isto, é apenas preciso que uma bactéria estique um tubo chamado pilus e que se ligue a outra, enviando-lhe um pacote de ADN quando estiver pronto.
A descoberta deste “sexo” entre as bactérias não é de agora, tendo já sido feita há mais de 70 anos. Mais recentemente descobriu-se que estas transferências de genes resistentes aos antibióticos estão sempre a acontecer e não se limitam apenas a quando as bactérias estão a ser atacadas.
Uma equipa de cientistas da Universidade do Illinois e da Universidade da Califórnia Riverside descobriu agora os genes específicos que as bactérias partilham e detalhou os resultados num estudo publicado na Cell Reports.
O estudo debruçou-se sobre um grupo de bactérias chamado Bacteroidetes, que compõe até 80% dos microbiomas humanos e são importantes na digestão. Estes micróbios têm de competir por recursos limitados no intestino grosso para colonizarem as nossas tripas e nos ajudarem a processar os hidratos de carbono.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1054 de 9 de Fevereiro de 2022.