Genomas de cefalópodes são ainda mais estranhos do pensávamos

PorExpresso das Ilhas,22 mai 2022 12:22

Os cefalópodes nunca deixam de surpreender com as suas características inteligentes, incluindo braços com cérebro, camuflagem com mudança de cor, arte da fuga, e capacidades de resolução de puzzles.

Novas análises da genética da lula, do polvo e do choco revelaram que os seus genomas são tão quase tão estranhos como os próprios animais.

O genoma dos cefalópodes “é incrivelmente agitado”, explica Caroline Albertin, bióloga e líder de um de dois novos estudos publicados na Nature Communicatinos, [estudo 1, estudo 2],citada pelo site zap.aeiou.pt, que identificaram estranhas reviravoltas nas histórias genéticas destes animais.

Albertin, em conjunto com outros investigadores, sequenciaram três genomas de cefalópodes de corpo mole:

O polvo de dois pontos da Califórnia (Octopus bimaculoides) – o primeiro polvo a ter o seu genoma sequenciado em 2005; a lula costeira de barbatana longa do Atlântico (Doryteuthis pealeii) – estudada como sistema modelo para a neurociência durante quase um século; e a lula de cauda de bico (Euprymna scolopes) – um animal usado como modelo para a simbiose entre bactérias e animais.

Os investigadores encontraram várias novas famílias de genes, muitas expressas no cérebro da lula, bem como expansões em genes com os quais já estavam familiarizados, como os grupos de genes de coloração mutável dos cefalópodes, dos seus tentáculos e dos seus bicos, segundo a Science Alert.

Outras expansões únicas de genes incluem os genes protocadherin, que podem estar envolvidos na construção de sistemas nervosos complexos, tanto em humanos como em cefalópodes.

Os cefalópodes, contudo, criam a diversidade neste gene através de cópias inteiras do mesmo –nos humanos, esta variação surge nas diferentes formas em que os genes são expressos.

Estas cópias ajudaram a que os genomas de cefalópodes aumentassem, com o genoma do Doryteuthis a pesar cerca de 1,5 vezes mais do que o nosso, e o do polvo de dois pontos da Califórnia cerca de 90% do nosso.

Em contraste, os nossos genomas expandiram-se através do processo de duplicação do genoma inteiro — uma característica creditada pela nossa complexidade avançada e capacidade de criar novas características evolutivas.

Os cefalópodes parecem ter sofrido alterações semelhantes em grande escala, mas como acontece com muitas coisas que fazem, acrescentaram o seu sabor único.

“Sabemos agora que a evolução dos cefalópodes de corpo mole envolveu alterações genéticas enormes. No entanto, as alterações não são duplicações de genoma inteiro, mas sim rearranjos genéticos, como se os genomas ancestrais fossem colocados num misturador”, sublinha Clifton Ragsdale, neurobiólogo da Universidade de Chicago, citado pela mesma fonte.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1068 de 18 de Maio de 2022.

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Autoria:Expresso das Ilhas,22 mai 2022 12:22

Editado porSheilla Ribeiro  em  22 mai 2022 12:22

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