Identificado pela primeira vez em 1958, o Monkeypox esteve durante 64 anos restrito a nações africanas, até ser identificado, neste mês, em diversos países até então não endémicos, como Portugal, Reino Unido, Espanha, Suécia, Bélgica e Estados Unidos.
Na quinta feira, 19 de Maio, uma equipa de pesquisadores portugueses divulgou o primeiro rascunho da sequência do genoma do vírus.
A sequência genómica do Monkeypox foi elaborada por um grupo de pesquisadores liderados por João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), de Lisboa, Portugal.
Esse mapeamento do genoma viral do causador da varíola de macacos será útil à compreensão da epidemiologia, fontes de infecção e padrões de transmissão do agente infeccioso.
A publicação do trabalho foi comemorada instantaneamente pela comunidade científica internacional.
Segundo os pesquisadores, o Monkeypox é um vírus de ADN de fita dupla envelopado, com um tamanho de genoma de cerca de 190 kb, e pertence ao género Orthopoxvirus, o mesmo da varíola humana.
A amostra foi retirada de um swab colectado no dia 4 de Maio das lesões da pele de um paciente, por um sequenciador Oxford Nanopore MinION.
Numa primeira análise filogenética rapidamente feita pela equipe, foi possível identificar que o vírus actualmente disseminado pertence ao clado (ramo) da África Ocidental (o outro provém da Bacia do Congo).
E, de facto, o clado identificado coincide com detalhes já confirmados em pelo menos seis dos casos do actual surto.
Esses registos, alertam os autores, são apenas preliminares e serão, naturalmente, "actualizados em breve após o lançamento de novos dados do genoma”.
O que se sabe é que o clado detectado possui uma taxa de letalidade mais baixa (1% dos casos) do que o seu "primo" da Bacia do Congo (10%).