Um novo estudo sugere que os sistemas visuais das baleias e golfinhos modernos – conhecidos como cetáceos – derivam de um antepassado em comum com uma poderosa visão subaquática.
Acredita-se que as baleias e os hipopótamos evoluíram de um mamífero terrestre há cerca de 50 milhões de anos. No entanto, apenas um deles consegue mergulhar profundamente no oceano.
Quando e porque é que esta habilidade evoluiu ainda é um mistério, mas as novas descobertas indicam que a transição aconteceu logo após a chegada ao mar, escreve o ScienceAlert, citado pelo site zap.aeiou.pt.
Em causa está uma proteína no olho dos mamíferos conhecida como rodopsina. Graças a ela, os investigadores conseguiram prever a sequência genética ancestral que permitiu pela primeira vez mergulhos subaquáticos profundos.
A rodopsina absorve fortemente a luz verde azulada – como a do mar – e adquire, portanto, uma tonalidade avermelhada. É responsável pela visão monocromática no escuro.
Comparativamente com os mamíferos terrestres, esta proteína parece muito mais sensível a baixos níveis de luz e responde rapidamente a mudanças na sua intensidade.
Se existiu uma proteína tão sensível no primeiro cetáceo aquático, os autores do novo estudo acreditam que esta criatura poderia ter procurado comida em profundidades de 200 metros ou mais.
Estudos anteriores sugeriram que o primeiro cetáceo aquático tinha um corpo semelhante ao de um golfinho. Por sua vez, o novo estudo é um dos primeiros a investigar como é que os olhos desta criatura podem ter funcionado na sua procura por comida subaquática.
Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1080 de 10 de Agosto de 2022.