“A ideia é ter uma vacina que garanta às pessoas um nível básico de memória imune a diversas estirpes de gripe, para que haja muito menos doença e morte quando ocorrer a próxima pandemia da gripe”, adiantou o microbiologista Scott Hensley, da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, citado pelo jornal Público.
Nesta investigação, revista por pares e publicada quinta-feira passada na revista Science, os cientistas recorreram à mesma tecnologia de ácido ribonucleico mensageiro (ARNm) usada nas vacinas da Pfizer e da Moderna contra o coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19.
Segundo os investigadores da instituição norte-americana, os testes já realizados em animais mostraram que a vacina “reduziu drasticamente os sinais de doença e protegeu-os da morte”, mesmo quando expostos a estirpes de gripe diferentes das utilizadas na produção da vacina.
A investigação não prevê, porém, que esta vacina forneça uma imunidade “esterilizante” que previna completamente as infecções virais, mas sim que provoque uma resposta imune de memória que pode ser “rapidamente recordada e adaptada a novas estirpes virais pandémicas, reduzindo significativamente a doença grave e a morte”.
“Será comparável às vacinas de ARNm de primeira geração contra o SARS-CoV-2, que foram direccionadas para a estirpe original de Wuhan do coronavírus”, explicou Scott Hensley, citado pela mesma fonte, ao recordar que, contra as variantes posteriores, como a Ómicron, as vacinas originais não bloqueiam totalmente as infecções, mas continuam a fornecer protecção duradoura contra casos de doença mais grave e morte.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1096 de 30 de Novembro de 2022.