Está há milhões de anos sob os nossos pés, mas, ainda hoje, não sabemos muito sobre o interior da Terra, especialmente sobre o núcleo.
Sabemos que o núcleo da Terra não é algo imóvel. Não é uma “estátua”, se quisermos. E aparentemente, lá nas profundezas, algo estranho está a acontecer e os cientistas tentam explicar.
Um estudo publicado na revista Nature começa por referir que estudos sísmicos encontraram anomalias de escala fina na zona entre o núcleo e o manto, sobretudo as zonas de velocidade ultrabaixa (ULVZs).
As ULVZs foram atribuídas a processos relacionados com o manto da Terra, mas este estudo sugere que essas anomalias podem, afinal, estar relacionadas com o núcleo da Terra.
O limite entre a Terra e o manto representa uma interface entre o manto de silicato sólido e o núcleo externo metálico líquido.
A estrutura e a dinâmica dessa região são fundamentais para entender a transferência de calor e material na Terra.
As anomalias já mencionadas são, no fundo, diferenças de velocidade e densidade em comparação com o manto normal circundante ou a região do núcleo.
Este estudo focou-se no núcleo externo da Terra, que fica 3 mil quilómetros abaixo da superfície – formado por uma espessa liga de ferro líquido, que tem grande impacto na habitabilidade da superfície da Terra e na criação do seu campo magnético.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1108 de 22 de Fevereiro de 2023.