O deserto do Atacama, no Chile, é o local mais árido do planeta. São cerca de mil quilómetros quadrados de território sem probabilidade de acolher vida. Ou pelo menos, assim parece.
Num sítio onde geralmente caem menos de 12 milímetros de chuva por ano, o impensável acontece geralmente com intervalos de 5 a 7 anos: as flores brotam, os animais “voltam” a habitar aquele espaço e por um breve intervalo de tempo, o local mais árido do mundo, acolhe vida.
Este fenómeno, que aconteceu pela última vez em Outubro do ano passado, conforme o site zap.aeiou.pt, ocorre quando grandes quantidades de chuva repentina penetram no solo seco do deserto e despertam as sementes de mais de 200 espécies de plantas, que ficam durante anos em estado de dormência.
É então que a vida prolifera com várias espécies de flores, insectos, pássaros e lagartos a habitar aquele lugar.
O acontecimento raro está quase sempre associado ao fenómeno climático “El Niño”, uma variação irregularmente periódica dos ventos e das temperaturas da superfície do Oceano Pacífico e que afecta grande parte dos trópicos e sub-trópicos.
O “El Niño” é imprevisível e responsável por um grande número de inundações – associadas a chuvas torrenciais repentinas – e secas extremas e severas, com consequências negativas na agricultura e produção animal das zonas afectadas sempre estimadas nos milhares de milhões de dólares. Ainda assim, ocorre geralmente com intervalos de 5 a 7 anos.
Assim, sempre que o El Niño ocorre e carrega nuvens densas e carregadas para o deserto do Atacama, a vida desperta num dos locais mais hostis do mundo.
O ‘El Niño’ ocorre em média a cada dois a sete anos e os episódios duram geralmente entre nove a 12 meses. Trata-se de um fenómeno climático natural associado ao aumento das temperaturas da superfície no centro e leste do Oceano Pacífico tropical.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1138 de 20 de Setembro de 2023.