Investigadores do Geothermal Research Cluster (GEORG), na Islândia, escreve o site zap.aeiou.pt, têm planos para perfurar uma câmara de magma, podendo desbloquear uma fonte ilimitada de energia limpa, naquela que será a primeira tentativa da história de exploração directa de magma.
Como explica a New Scientist, historicamente, a perfuração em câmaras de magma é considerada arriscada e impraticável, mas essa visão mudou em 2009 no Krafla – um dos vulcões mais activos do mundo – onde ocorreu uma perfuração acidental numa câmara de magma.
Na altura, o “Projecto Islandês de Perfuração Profunda” visava apenas explorar as potencialidades da energia geotérmica, mas o “feliz acidente” mudou tudo e deu esperanças.
Nesse episódio, quando, inesperadamente, uma broca atingiu a câmara de magma, constatou-se que trabalhar com o magma podia ser viável e seguro – e tal inspirou o projeto Krafla Magma Testbed (KMT).
Projecto Krafla Magma Testbed
Com início previsto para 2026, o KMT pretende perfurar a câmara de magma, estabelecendo o primeiro observatório de magma do mundo no vulcão Krafla, onde as temperaturas podem atingir os 900°C.
Os cientistas terão oportunidade de recolher dados sobre temperatura e pressão nunca antes inspecionados.
Tais conhecimentos poderiam revolucionar a compreensão sobre processos vulcânicos e aprimorar a previsão de erupções.
Outro objectivo e, talvez, o mais ambicioso do projecto é aproveitar a energia geotérmica do magma. Esta abordagem, aproveitando o calor e a pressão extremas, poderia melhorar, significativamente, a eficiência e a produção de energia geotérmica.
De acordo com a New Scientist, estes cientistas islandeses almejam um futuro onde a energia proveniente do magma possa ser utilizada globalmente, incluindo na “produção de combustíveis sintéticos de baixo carbono”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1154 de 10 de Janeiro de 2024.