Os genes que causam a esclerose múltipla terão surgido há milhares de anos, para protegerem os pastores das doenças dos animais.
A conclusão é de um estudo, publicado quarta-feira passada na Nature, que examinou cerca de 5.000 restos humanos – alguns dos quais com mais de 30.000 anos.
A fim de explorar o impacto da migração humana antiga em problemas de saúde atuais, os investigadores da Universidade de Copenhaga (Dinamarca) compararam dados genéticos da maior base genética e seres humanos antigos com informações modernas do UK Biobank.
O estudo, conta o zap.aeiou.pt, descobriu que esses genes ligados à esclerose múltipla podem ter sido vantajosos no passado, auxiliando na resistência a infecções transmitidas por animais, particularmente naqueles com ligações aos Yamna – um grupo de pastores nómadas do Cáucaso, que se estabeleceu na Europa há, aproximadamente, 5.000 anos.
A investigação sugere que as pessoas com ascendência de caçadores-colectores têm maior probabilidade de possuir a variante do gene ApoE4, aumentando o risco de Alzheimer.
Em contraste, a variante ApoE2 – ligada a um menor risco e que, de acordo com a New Scientist, oferece maior proteção contra a malária ou outras infeções virais – também parece ter-se originado com os Yamnaya.
O estudo também fez revelações relevantes sobre características físicas, nomeadamente a altura, observando que indivíduos europeus com ascendência Yamnaya tendem a ser mais altos.
Este estudo vem dar novas linhas orientadoras sobre o impacto das migrações pré-históricas na saúde, bem como nas características físicas atuais.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1155 de 17 de Janeiro de 2024.