O PACE é um "salto tecnológico" que permitirá grandes avanços, uma vez que um dos seus sensores consegue identificar até 256 cores no oceano, enquanto as ferramentas anteriores só conseguiam diferenciar menos de dez tonalidades.
De acordo com a Lusa, a oceanógrafa da NASA, Violeta Sanjuan, explicou à agência Efe que o PACE será colocado numa órbita mais distante que a Estação Espacial Internacional (ISS), a cerca de 677 quilómetros da Terra.
A cientista espanhola destacou que se trata de um satélite revolucionário porque irá fornecer detalhes do oceano, especialmente das microalgas (fitoplâncton), que nunca tinham sido alcançados antes. O fitoplâncton representa apenas 1% da massa vegetal total do planeta (incluindo terrestre), mas mesmo assim "gera aqueles 50% a 60% do oxigénio" disponível no planeta.
"É altamente eficiente na captura de dióxido de carbono e na libertação de oxigénio, muito mais do que as plantas terrestres", enfatizou.
A missão PACE, sigla em inglês para Plankton, Aerosols, Clouds and Ocean Ecosystems, é única, pois, além de analisar detalhadamente o fitoplâncton, o faz do ponto de vista da sua interacção com aerossóis e substâncias suspensas no ar.
"Isso dará uma visão incrível que não tínhamos até agora, de como os nossos oceanos se comportam, de como é a atmosfera e como ambos interagem e regulam o nosso clima", frisou Sanjuan.
O satélite é composto por três instrumentos, sendo um deles um sensor capaz de identificar até 256 cores no oceano, enquanto as ferramentas anteriores só conseguiam diferenciar menos de dez tonalidades, detalhou ainda.
"A quantidade de volume de dados é incrível em comparação com o que tínhamos antes", frisou a cientista.
A importância de determinar essas tonalidades deve-se ao facto de a cor do fitoplâncton variar de acordo com a sua espécie.
Este organismo é muito importante, não só porque é a base da cadeia alimentar e a origem da vida, mas também pela importância que tem para as alterações climáticas, acrescentou Sanjuan.
"Conhecer a saúde dos nossos oceanos é essencial, já que são os pulmões do nosso planeta", enfatizou a oceanógrafa da missão PACE no Goddard Space Flight Center da NASA, em Greenbelt (Maryland).
Sanjuan lembrou que o oceano representa 70% da superfície terrestre e que apenas cerca de 5% foi estudado.
Nesse sentido, destaca que o PACE é um "salto tecnológico" que permitirá grandes avanços na sua vida útil de três anos.
Sanjuan sublinhou ainda que o satélite terá combustível durante dez anos e espera que sobreviva mais do que os três que a agência espacial norte-americana concedeu à sua missão.
A espanhola especificou que o satélite voará numa órbita que se move com a Terra e que poderá haver certas regiões do planeta com uma repetição entre um e dois dias, o que ajuda a observar as mudanças nos oceanos e a estudar a evolução destas espécies de fitoplâncton.
Esta informação é crucial "para as alterações climáticas, para o ciclo do carbono e para a vida do planeta", apontou.
A missão PACE, com um custo de 946 milhões de dólares, junta-se a uma frota de vinte satélites que monitorizam diversos parâmetros da Terra.