Na nossa escala de tempo, os oceanos parecem eternos. Mas na realidade não estão por aqui durante muito tempo: nascem, crescem e um dia fecham-se.
Este processo, que ocorre ao longo de algumas centenas de milhões de anos, chama-se ciclo de Wilson, recorda o Europa Press.
O Atlântico, por exemplo, nasceu quando o supercontinente Pangea se fraturou e dividiu, há cerca de 180 milhões de anos. E um dia irá fechar-se.
Também o Mediterrâneo, escreve o site zap.aeiou.pt, é o que resta de um grande oceano, o Mar de Tétis, que uma vez existiu entre África e Eurásia.
Para que um oceano como o Atlântico pare de crescer e comece a fechar-se, devem formar-se novas zonas de subducção — locais onde uma placa tectónica afunda por baixo de outra). Mas estas zonas de subducção são difíceis de formar, já que requerem que estas titânicas placas se partam e dobrem.
No entanto, sugerem alguns cientistas, estas zonas de subducção podem migrar de um oceano moribundo onde já existem, como o Mediterrâneo, para oceanos prístinos como o Atlântico – um processo denominado “invasão por subducção”.
Ora este processo poderá estar para acontecer brevemente – à escala geológica, claro: um estudo realizado através de modelos computacionais por cientistas da Universidade de Lisboa prevê a propagação para o interior do Atlântico de uma zona de subdução atualmente sob o Estreito de Gibraltar.
Este processo, dizem os autores do estudo, irá contribuir para a formação de um “anel de fogo” do Atlântico, análogo ao famoso Anel de Fogo do Pacífico, onde ocorrem nove em cada dez terramotos.
O estudo, publicado esta semana na revista Geology, é o primeiro a mostrar como este processo, utilizando um modelo computacional 3D impulsionado pela gravidade.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1160 de 21 de Fevereiro de 2024.
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