Um esforço conjunto permitiu que médicos operassem remotamente, da Terra, um robô cirúrgico no Espaço, a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).
Ainda em fase de testes, o dispositivo – denominado spaceMIRA – realizou a operação em tiras de borracha, demonstrando a sua eficácia nas mãos de profissionais médicos.
Com um tamanho aproximado ao de um micro-ondas, conta o site zap.aeiou.pt, o robô de cirurgia à distância foi transportado para a ISS a bordo do foguetão Falcon 9, da SpaceX, em Janeiro, e instalado a 8 de Fevereiro pela astronauta Loral O’Hara, da NASA, que se encontra a bordo da Estação Espacial Internacional desde Setembro.
O robô foi fabricado pela empresa Virtual Incision, e da Universidade do Nebraska, também dos EUA.
“É tão emocionante ter a nossa tecnologia no espaço, mas esperamos que o impacto desta investigação seja mais notável na Terra,” disse John Murphy, presidente e CEO da Virtual Incision, em nota de imprensa publicada no site da empresa.
A partir das instalações da Virtual Incision, a 400 km da posição da ISS na órbita terrestre, uma equipa de seis cirurgiões alternou-se nas simulações de cirurgia no tecido elástico no Espaço.
Uma das mãos do robô aplica pressão no tecido enquanto a outra o corta com uma tesoura cirúrgica, técnica utilizada em várias cirurgias e que ocorreu sem problemas no sistema remoto.
Embora o teste com o robô cirúrgico tenha sido bem-sucedido, existem limitações. Uma delas é o atraso temporal entre o centro de operações terrestre e a ISS, cerca de 0,85 segundos. Pode não parecer muito, mas, numa cirurgia, o tempo é crucial – um mero meio segundo já pode representar um desafio para o cirurgião.
As viagens espaciais podem apresentar diversos riscos para a saúde dos astronautas, e, com planos para colonizar a Lua e planetas próximos, os cuidados médicos remotos podem ser um aliado importante nestes esforços.
A tecnologia da spaceMIRA, no entanto, deverá ser utilizada essencialmente na Terra. Na maioria dos países, existem regiões rurais ou remotas onde o acesso a especialistas é limitado ou inexistente.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1160 de 21 de Fevereiro de 2024.