Um dia não tem 24 horas. Algumas coisas que provavelmente não sabe sobre os anos bissextos

PorExpresso das Ilhas,10 mar 2024 11:19

Salvo algumas excepções, a cada quatro anos um dia bissexto é adiccionado ao mês de Fevereiro para sincronizar o nosso calendário ao tempo que a Terra leva para completar uma órbita ao redor do Sol.

Mas há outros factos um tanto estranhos relacionados com o tema.

Antes de conhecê-los, vale lembrar que os anos bissextos são necessários por vários motivos, como o ajuste entre as estações meteorológicas e os equinócios e solstícios.

Sem os dias 29 de Fevereiro a cada quatro anos, conta o site zap.aeiou.pt, não demoraria muito para que o nosso calendário ficasse completamente desalinhado com as posições da Terra em relação ao Sol.

Além disso, existe um agente que, embora seja muitas vezes esquecido, exerce papel importante nos movimentos astronómicos que causam essas mudanças subtis, mas cumulativas. Estamos a falar da Lua: à medida que ela se afasta da Terra, os dias no nosso planeta também são afectados.

Um dia não tem 24 horas

Sim, os nossos relógios enganam, pois os nossos dias não têm exactamente 24 horas. A definição tradicional de “dia” é uma volta de 360º da Terra em torno de seu próprio eixo, mas isso ocorre uma vez a cada 23 horas, 56 minutos e 4,09 segundos.

O tempo que ficamos a dever ao relógio acumula-se ao longo das semanas, meses e anos, mas o problema não pára aí. Na verdade, o próprio movimento da Terra ao redor do Sol interfere na soma total de dias ao longo de um ano.

Assim, completar uma rotação de 360° também não é o mesmo que um dia. O movimento elíptico da Terra através ao Sol implica que girar uma vez no seu próprio eixo deixa-nos um pouco “atrás” de onde deveríamos estar no final do ano.

Por fim, apenas quatro dias em cada ano civil (o do calendário) têm exactamente 24 horas — e nenhum deles é bissexto.

O ano não é uma órbita completa

Dizemos que o ano é feito do movimento da Terra ao redor do Sol, terminando quando o planeta volta à mesma posição em que estava no início de 1 de Janeiro. O motivo são as mudanças na orientação do eixo da Terra ao longo do tempo devido à precessão axial.

Em escalas de tempo de mais de 20 mil anos, o movimento de precessão do eixo da Terra realiza um círculo, causando um impacto na posição relativa da Terra em relação ao Sol a cada ano. Quando o planeta completa uma órbita de 360° em torno do Sol, o seu eixo vai estar orientado de forma ligeiramente diferente em relação à estrela.

O ano não dura 365 dias

Não existe ajuste no calendário capaz de fazer um ano durar 365 dias sem faltar ou sobrar algumas horas. Se considerarmos o movimento da Terra, o ano teria algo em torno de 365,242188931 dias. Isso leva em consideração vários factores descritos acima, e também inclui as perturbações gravitacionais de outros corpos do Sistema Solar.

O sistema de ano bissexto adicciona um dia extra a cada quatro anos para completar as horas que faltaram nos três anos anteriores. Então, podemos dizer de forma geral que a cada ano ficamos com uma defasagem de aproximadamente ¼ de dia por ano, ou seja, cerca de 6 horas.

Os anos bissextos vão deixar de existir

Vamos continuar no raciocínio acima. Os dias estão a fichar mais longos por causa do afastamento gradual da Lua, o que significa que, um dia, os anos bissextos não vão mais ser necessários.

Mas se não gosta de anos bissextos, não se anime: vai levar cerca de 4 milhões de anos até que a necessidade de dias bissextos no calendário seja eliminada. Quando a Lua estiver afastada o suficiente, a Terra vai ter rotação mais lenta, e o ano do calendário vai coincidir exactamente com 365 dias. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1162 de 6 de Março de 2024.

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Autoria:Expresso das Ilhas,10 mar 2024 11:19

Editado porSheilla Ribeiro  em  10 mar 2024 11:19

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