As dores de cabeça intensas desencadeadas pela actividade sexual, escreve o site zap.aeiou.pt, conhecidas medicamente como Cefaleias Primárias Associadas à Atividade Sexual (PHASA), são mais do que um mero incómodo; na verdade, podem sinalizar problemas de saúde subjacentes e graves.
Estima-se que a doença – também conhecida como cefaleia do sexo, cefalagia coital ou cefaleia orgásmica – afecte 1 a 1,6% da população em algum momento das suas vidas, embora os números reais possam ser mais elevados devido à subnotificação associada ao estigma social.
A condição manifesta-se normalmente de duas formas: uma escalada gradual da dor durante a actividade sexual ou uma dor de cabeça súbita e grave perto ou no momento do orgasmo.
Os homens são duas a quatro vezes mais propensos do que as mulheres a ter estas dores de cabeça, que podem durar de um minuto a 24 horas, ou mesmo persistir até três dias. O cenário mais comum é uma dor de cabeça rápida e intensa durante ou perto do orgasmo.
O que provoca as cefaleias do sexo?
As causas exactas das cefaleias do sexo não são totalmente conhecidas, mas existe uma associação de relevo com doenças existentes, como a hipertensão e outros tipos de cefaleias, como as enxaquecas.
Uma investigação de 2012 sugere que as anomalias nas veias da cabeça e do pescoço, como a estenose venosa, podem contribuir para o aparecimento da condição. Outros factores relacionados com o esforço físico, como tossir, levantar pesos ou até espirrar, também têm sido associados a dores de cabeça pós-sexo.
Em Abril deste ano, uma mulher de 61 anos dos EUA teve uma hemorragia cerebral após uma actividade sexual, avançou o Daily Mail. Inicialmente, confundiu-a com uma dor de cabeça normal, tomou uma aspirina, que pode ter piorado o seu estado devido às suas propriedades de diluição do sangue. Felizmente, recuperou totalmente.
O risco de AVC durante o acto sexual não é trivial: estudos demonstram que até um em cada doze casos de emergência de hemorragias cerebrais pode ocorrer durante actividades sexuais. Condicções como o forame oval patente (PFO), um orifício no coração que normalmente se fecha pouco depois do nascimento, mas que pode permanecer aberto, são factores de risco.
Estudos recentes exploraram ainda mais os dados demográficos e os resultados das hemorragias cerebrais relacionadas com o sexo. Um estudo identificou 16 casos em que os pacientes tiveram uma hemorragia cerebral durante o acto sexual; a maioria era do sexo masculino e muitos tinham hipertensão. Metade destes casos deveu-se a uma hemorragia subaracnóidea aneurismática, uma condição grave que envolve a ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro.
Embora muitos casos possam ser tratados com medicamentos comuns, como beta-bloqueadores ou antagonistas dos canais de cálcio, é crucial que os indivíduos, especialmente os homens com cerca de 50 anos, procurem uma avaliação médica para excluir doenças graves como aneurismas ou defeitos cardíacos.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1173 de 22 de Maio de 2024.