Segundo um estudo publicado na revista Helicobacte, realizado por investigadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, revelou como diferentes interacções bacterianas podem desencadear o desenvolvimento do cancro do estômago, de acordo com um artigo publicado pela revista Helicobacter.
A equipa de investigadores, liderada por Amanda Rossiter-Pearson, descobriu que as bactérias não H. pylori podem penetrar no revestimento do estômago em fases pré-cancerosas, explicando potencialmente a progressão do cancro.
A investigação pode abrir novas vias para a intervenção e o tratamento precoces deste tipo de cancro, se permitir compreender por que razão apenas uma pequena percentagem de infecções por H. pylori conduz ao cancro.
Segundo o estudo publicado na quarta-feira, as bactérias gástricas, que se infiltram no revestimento do estômago, desempenham um papel significativo no aparecimento do cancro do estômago, que tem opções de tratamento limitadas e taxas de sobrevivência fracas.
"Estamos entusiasmados com o potencial desta observação para abrir uma nova via de investigação na prevenção do cancro do estômago. É possível que um simples tratamento com antibióticos possa ser administrado para tratar estas bactérias. No entanto, há muito trabalho pela frente", afirmou Rossiter-Pearson, citada no artigo.
Rossiter-Pearson sublinhou a necessidade de "determinar a identidade destas bactérias e compreender de que forma a presença destas bactérias no estado pré-canceroso tem impacto no risco de o doente desenvolver cancro do estômago".
O cancro gástrico é a quarta principal causa de morte relacionada com o cancro em todo o mundo. A infecção pela bactéria Helicobacter pylori, embora assintomática para a maioria das pessoas, há muito que foi identificada como o principal factor de risco do cancro do estômago.
No entanto, ainda não se sabe ao certo por que razão apenas 1% das infecções evolui para cancro gástrico.
A equipa, que utilizou na investigação a mais recente tecnologia de imagem para identificar a localização das bactérias, verificou que, enquanto a H. pylori colonizava exclusivamente as glândulas gástricas, as bactérias não-H. pylori extravasavam através do revestimento do estômago na condição pré-cancerosa, a metaplasia intestinal gástrica.
Os resultados sugerem que a fuga de bactérias para os tecidos gástricos mais profundos pode representar um factor anteriormente ignorado na progressão do cancro.
Se detectada precocemente, a H. pylori pode ser erradicada com antibióticos, o que reduz o risco de o doente desenvolver cancro gástrico.
No entanto, quando se desenvolvem alterações pré-cancerosas, o tratamento antibiótico contra a H. pylori torna-se ineficaz, sublinhando a necessidade urgente de procurar intervenções alternativas.