Edifício descoberto no Iraque fornece pistas sobre o início da civilização

PorExpresso das Ilhas, Lusa,15 out 2025 9:48

O projecto arqueológico de Kani Shaie está em curso desde 2013 em colaboração com uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra.

Uma equipa da Universidade de Coimbra (UC) descobriu um edifício monumental no sítio arqueológico de Kani Shaie, no Curdistão Iraquiano, que fornece novos dados sobre a sequência de ocupação humana ao longo dos milénios.

A descoberta apresenta novas informações sobre os primórdios da Mesopotâmia e dos Montes Zagros, ajudando a compreender o curso da ocupação humana ao longo dos milénios - em particular nos IV e III milénios antes de Cristo (a.C.), revelou esta quarta-feira a UC, num comunicado enviado à agência Lusa.

A investigação decorreu no âmbito do projecto arqueológico de Kani Shaie, liderado pelo Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP) da UC, em parceria com a Universidade de Cambridge e as autoridades de Património Cultural de Suleimânia.

Na campanha de escavações de 2025, "foi identificado um edifício oficial de carácter monumental, na parte alta da colina artificial de Kani Shaie, possivelmente um espaço de culto, datado do chamado período de Uruk (c. 3300--3100 a.C.)", explicaram os arqueólogos do CEAACP André Tomé, Maria da Conceição Lopes e Steve Renette.

Segundo os investigadores, este período recebe o nome da cidade de Uruk, reconhecida como a primeira grande metrópole do mundo, devido à evidência de contactos directos entre a Mesopotâmia Meridional - onde se situava a cidade - e as regiões montanhosas a oriente.

Ao confirmar-se a natureza monumental do edifício, que está agora a ser investigado ao detalhe, a descoberta poderá "alterar profundamente o entendimento da relação entre Uruk e as regiões periféricas, revelando que sítios como Kani Shaie não eram marginais, mas antes actores centrais nos processos de difusão cultural e política".

A equipa internacional de arqueologia encontrou ainda um fragmento de pendente em ouro, "que testemunha práticas de ostentação e o acesso a metais preciosos numa comunidade aparentemente periférica", e um selo cilíndrico do período de Uruk, artefacto ligado a práticas administrativas, de controlo e de legitimação de poder.

De acordo com os arqueólogos, foram também identificados cones de parede, elementos decorativos típicos de arquitectura monumental, amplamente documentados em Uruk, o que reforça a interpretação do edifício como uma estrutura pública ou cerimonial.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,15 out 2025 9:48

Editado porAndre Amaral  em  15 out 2025 9:48

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