O Natal pelas Crianças

PorExpresso das Ilhas,29 dez 2014 0:00

O Natal é a festa das crianças. Por isso elas são a voz desta reportagem sobre o Natal. Crianças dos 0 aos 10 anos explicam-nos o que é o Natal, do que mais gostam nesta quadra festiva e confessam o que querem receber de presente. Aliás, pelos seus testemunhos, prendas são mesmo o melhor que o Natal tem e, talvez por isso, o Pai Natal é a figura mais popular desta quadra.

 

A história da Natividade contada pelas crianças começa como todas as outras histórias, por “Era uma vez”. Então: “Era uma vez uma menina que se chamava Maria. Um anjo veio e disse assim: ”Maria, tu vais ter um filho”. E a Maria disse: ” Mas eu não tenho nenhum filho na barriga!”, narra Romira (5 anos).

Entretanto, o bebé apareceu no ventre de Maria e acabou por nascer. Onde? Maria e José, o seu marido, “que é carpinteiro”, “encontraram um sítio onde há muitos animais”, continua a menina.

Todas as crianças estão de acordo neste ponto. Jesus não nasceu na maternidade, nem em casa. Nasceu num sítio com “tcheu” animais – Elida (8 anos) especifica que foi num curral - e alguns situam esse local em Belém. Outros, como Gilson (7 anos) e Eveline (8 anos) dizem que Jesus nasceu, não em Belém, mas no Céu.

Seja onde for, então Jesus nasce e os “Reis ‘Magros’ vão levar-lhe presentes”, prossegue Romira, acrescentando que Maria ficou muito contente com essas prendas para o seu filho.

E os presentes levados pelos três reis foram “ ‘cinza’ e ouro”, refere Lucas ( 5 anos), que não se lembra do terceiro, e Carol (5 anos) diz que foi “mirra e ouro”.

 

Quem é Jesus?

 Alvíssaras, alvissaras, nasceu o menino Jesus. Mas, afinal, quem é Ele?

“É um menino pequenino”, diz Naty (5 anos). “É um bebé”, considera por seu lado Johnny (5 anos) e Eunice (10 anos) especifica: “Menino Jesus é aquele bebé que está no presépio”.

Esse menino é filho de Maria, identifica grande parte das crianças. Quanto ao pai, alguns hesitam, mas muitos referem ser filho de José.

Elida (8 anos) por sua vez refere que é filho de Deus. É a única que assim o define num universo de mais de 25 crianças entrevistadas. Mas muitas dizem que o “Menino Jesus é Deus”.

Outras referem-se a ele como “o nosso salvador” (Megan, 10 anos) ou “Jesus é uma criança, que veio para nos salvar” (Romira 5, anos) ou, então,  dizem que é “Santo” (Bruno, 5 anos).

“Menino Jesus é um menino que nasceu no dia 25 de Dezembro e que foi abençoado por Deus”, explica Wesley (10 anos).

Por isso se comemora o Natal no dia 25.

 

A festa

Quase todas as crianças sabem pois que no Natal se comemora o nascimento de Jesus, mesmo os que dizem não saber quem Ele é.  Mas Natal é muito mais do que um festejo de aniversário.

É a festa em que o Pai Natal traz presentes a todos os meninos, ou quase. (já lá vamos) E é um pouco mais.

“Natal é festa “ (Melanie, 6 anos), “é alegria, é coração” (Carol, 5 anos), ou “Natal é paz, amor”, Inês (7 anos), são algumas das definições.

Alguns frisam também que é altura de ajudar os outros. E como o fazem? “Tem de compor a árvore de Natal, tem que ajudar a pôr bolinhas e muitas coisas”, refere Lucas.

Os adultos consideram quase consensualmente o Natal como “a Festa da Família”, mas entre os nossos pequenos entrevistados apenas Kelvin (8 anos) se refere à quadra nestes termos. Outros referem-se a ela de forma similar, “Natal é para visitar os familiares”, explica Eurisa (9 anos). Mas embora a maior parte dos restantes não fale da família nas definições que dá, é com ela que dizem passar a data.

Assim, muitas crianças contam que vão passar o Natal à casa da avó – nenhuma falou em casa do avô ou sequer casa dos avós… - ou da tia, ou passam na própria casa. Seja onde for, geralmente a família reúne-se para a Ceia ou para o almoço de 25, algo que dizem apreciar.

Os que têm pais separados, muitas vezes passam o Natal com o progenitor com quem não moram, e mostram-se alegres por esse momento de encontro.

Como Natal é festa, em termos de gastronomia, muitas crianças associam-na às iguarias de que mais gostam. “No Natal as pessoas sentam-se à mesa para comer coisas boas”, garante Leonardo (7 anos). Por isso dizem, este Natal vão comer “chocolate” e “drops, chupa-chupas e matutano” (Adriana, 5 anos) ou “bolo, pipocas e algodão doce” (Carol, 5 anos), ou então, “bolo e piza e todas aquelas coisas que estão na festa” (Naty, 5 anos).

Quanto ao prato principal, não são esquisitas e desfilam pela mesa prato como “arroz com frango” (Adriana, 5 anos), esparguete e arroz com milho e peixes (Carol, 5 anos).

Na casa de Romira, quando se festeja o Natal em sua casa (este ano a pimpolha vai passar à casa da avó), a mãe faz bolos e muitas outras coisas. ”Põe-se tudo na mesa e comemos. Depois o meu pai põe música, de Natal. Ele tem muitas músicas de Natal e cantamos o dia todo”.

Também não falta em quase todas as casas a famosa árvore de Natal. A de Adriana (5 anos) “é grande, só que é verde-escuro”… 

E as crianças gostam deste artefacto que se enfeita e que ajuda a dar brilho às festas.

“Fui ao shopping e quando cheguei à casa a minha mãe fechou-me os olhos e quando abri vi a árvore de Natal lá na sala”, conta Romira (5 anos), emprestando um tom mágico ao acontecimento.

 

Quem é o Pai Natal

Jesus nasceu, e hoje, muitos séculos depois, várias tradições adaptadas e diferentes camadas de cosmética de marketing levadas a cabo, heis-nos no Natal do século XXI. Falar de Natal na actualidade passa incontornavelmente pela figura do Pai Natal.

Para alguns dos meninos o Natal é, na realidade, ”a festa do Pai Natal”. E quem é esta personalidade?, pergunta-se.

“É aquele que nos dá presentes”, diz a maioria e todos o descrevem mais ou menos da mesma maneira: “veste-se de vermelho, tem barbas, e usa luvas”. Ninguém diz que é gordo, mas há quem lhe chame “forte”.

Quanto à forma de deslocação deste senhor de barbas brancas mas que “não é muito velho”, sabem que não vem a Cabo Verde nem de barco, nem de avião, mas poucos apontam o modo de locomoção. Mas há quem saiba: “Tem renas para ir para outros países, para dar presentes aos meninos”, refere Lucas (5 anos).

E são renas que andam muito, pois ele mora longe, “no Pólo Norte” (Carol, 5 anos) e todos os natais vem dar “prenda aos meninos bem comportados” (Davidson, 10 anos). Note-se o “bem comportados”. É que nestas coisas as crianças são justas e concordam que apenas quem se porta bem durante o ano deve receber presente. Claro está que todos os entrevistados/as  garantem ter sido bons/boas meninos/as.

Algumas crianças afirmam que já o viram. Onde? Na televisão, nas festinhas da escola ou noutros locais. Outras dizem que nunca o viram, pelo menos ao vivo.

A maneira como o Pai Natal dá as prendas não é consensual. Alguns acreditam que seja o próprio a colocá-las lá em casa. Outras dizem que ele usa os país como intermediários.

“O Pai Natal deu dinheiro à minha mãe para me comprar um carro grande”, aponta Lucas (5 anos).

Todos conhecem o Pai Natal, que parece até mais popular do que o Menino Jesus. Mas a partir de uma certa idade alguns começam a duvidar da sua existência. Com 10 anos, Bruno já não tem dúvidas. “Eu sei quem é o Pai Natal. São os meus pais”, diz, com certeza. “Eles é que dão prenda”.

 

Do que mais gostam: das prendas!!

Não se deixem enganar. As crianças, sob aquelas caras de anjinho, a espalhar doçura e amor e paz no mundo, são um pouco… materialistas.

Natal é um momento “onde recebemos muitas prendas e as pessoas ficam felizes”, define, por exemplo, Bruno (9 anos).

Natal é para receber prenda”, resumem Elida (8 anos) e Hugo (5anos). Assim, do que mais gostam no Natal é mesmo de receber presentes. É consensual, mesmo os que apontam outros valores à data.

Quanto aos presentes que gostariam de receber ou que já receberam, as respostas não variam muito.

 Casinhas e bonecas, no caso delas. Carros, bolas, e afins para eles.

Alguns são bastante específicos. Lucas (5 anos) diz que gostaria de receber um “homem-aranha”. Aliás, sabe que já tem esse presente em casa, embora ainda não o tenha desembrulhado. Isso e um Caterpillar.

O “homem-aranha” parece ser um dos brinquedos mais populares, para os meninos, apontado igualmente por Gilson (7 anos).

Romira também sabe bem o que quer: “Quero uma princesa da Frozen. Gosto de brincar com princesas”.

Uns são claros no pedido. Outros são um pouco mais ambíguos. “Gosto daquela coisa que se usa para a pescar” [rede? cana de pesca?], diz Diego (5 anos).

E as bicicletas também são uma prenda bastante solicitada tanto por eles como por elas.

Brinquedos, brinquedos, muitos brinquedos. É isso que os miúdos mais querem. Mas algumas meninas também não esquecem a roupa. “Gostaria de receber uma boneca muito grande e um vestido”, diz Inês (7 anos). Eveline (8 anos) como já recebeu uma boneca gostaria agora de “receber sapatos”. Eurisa (9 anos) já nem sequer quer boneca. Confessa-nos: “Ainda não recebi nenhuma prenda, mas gostaria de receber chinelos e roupas”.

Os meninos, pelo contrário, não parecem apreciar vestimentas, a menos que tenha a ver com desporto. Como Márcio (10 anos) que está todo contente com o “equipamento do Benfica e umas botas” que recebeu -  mas além disso, oh Pai Natal!, quer “uma bicicleta, uma PSP, um carro telecomandado e um jogo de PES 2015”.

Aliás, os meninos parecem ter um apreço especial por brinquedos com telecomandos, sejam eles carros, helicópteros ou robots.

Como Joary (8 anos) que já recebeu várias prendas. “A minha mãe já tem árvore de natal com as prendas”, mas como estão todas embrulhadas não sabe o que vai receber, mas gostaria que fosse “um carro com telecomando”

Com as novas tecnologias, no natal dos miúdos está também iTech, e desde tenra idade.

Romira tem apenas 5 anos mas já recebeu um tablet que lhe chegou dos EUA.

O sonho de muitas crianças. Leonardo (7 anos), que já recebeu uma prenda mas ainda não abriu, refere que gostaria que fosse um tablet. Um tablet é também a prenda de sonho para Eunice (10 anos) e da pequena Márcia (6 anos). Keiliny (9 anos), por seu lado, afirma que, além de uns patins, também gostaria de arranjar o seu tablet, “que está estragado há mais de cinco meses”.

E há quem prefira um portátil, como Megan (10 anos), ou num registo mais “modesto” um telemóvel. Já recebi roupas, mas gostaria de receber um telemóvel”, confessa-nos Bruna (10 anos).

E claro, as Paystations, principalmente na versão portable (PSP), também parecem ser um “must-have” para muitos pikinotis.

Mais tecnológico, com mais ou menos prendas, mais ou menos doces, mais ou menos passeio, as crianças são optimistas. O Natal, dizem, vão passa-lo  “Sab” ou “Dretu”, com muita brincadeira pelo meio.

Carol, Adriana, Romira e Lucas, os nossos entrevistados do Jardim Pimpão (cidade da Praia)

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Autoria:Expresso das Ilhas,29 dez 2014 0:00

Editado porExpresso das Ilhas  em  31 dez 1969 23:00

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